São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011

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OPINIÃO

Quebrado o feitiço de Murdoch, o medo de represálias desvanece

PHILIP STEPHENS DO "GUARDIAN"

A brincadeira de Rupert Murdoch acabou. A ironia é que esta deveria ter sido uma boa semana para o chefe da News Corp., que domina o setor de mídia britânico.
O governo de David Cameron se preparava para aprovar uma oferta milionária que permitiria à News Corp. adquirir o controle completo da British Sky Broadcasting.
O negócio vem sendo descrito como a conquista suprema do homem que lançou a TV via satélite. Em lugar disso, se Murdoch tivesse sintonizado seu próprio canal Sky News, teria visto políticos de todas as vertentes na Câmara dos Comuns dando vazão à sua fúria com as alegadas atividades ilegais de seu império de mídia.
Assistir a esses políticos atirando pedras denota que o feitiço exercido pela News Corp. foi quebrado. Tem sido instrutivo ver o medo da represália se desvanecer e, com ele, o poderio de Murdoch.
Cameron passa a impressão de estar incomodado, na melhor das hipóteses. Como seus predecessores, o premiê cortejou Murdoch assiduamente. Esse erro de julgamento por parte de Cameron foi agravado por sua amizade com Rebekah Brooks, a executiva-chefe da News International que está no epicentro da controvérsia.
Um elemento comum às manifestações de repúdio nesta semana foi a ideia de que o império de Murdoch representa uma concentração nociva de poder midiático.
Uma empresa que estivesse de fato arrependida de seus erros suspenderia sua oferta, a não ser que seus executivos fossem inocentados das acusações criminais, e enquanto isso não ocorresse.
Murdoch vem se equivocando nas respostas que dá a cada tropeço. Em lugar de agir decisivamente quando a enxurrada de novas alegações veio à tona, no ano passado, ele optou por uma estratégia fracassada de tentar evitar o assunto.
Agora, o tempo dele se esgotou. Rebekah Brooks não pode mais ser salva. E é provável que o mesmo se aplique ao último grande sonho de mídia de Murdoch. Nêmesis (a deusa grega da vingança) está perseguindo húbris (a arrogância excessiva).

Tradução de CLARA ALLAIN


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