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Guerra no Oriente Médio
Israel completa isolamento do Líbano; mortos vão a 790
Com descoberta de mais corpos, mortos do lado libanês somam 96 em dois dias
Toque de recolher e ameaça israelense de bombardear qualquer veículo no sul impedem transporte de combustível e alimentos
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV
Um dia depois de registrado
o maior número de mortos do
lado libanês desde o início do
conflito, 77, Israel completou
ontem o isolamento do sul do
Líbano com a destruição da
principal ponte de acesso à região, sobre o rio Litani, a 20 km
da fronteira, e impôs um toque
de recolher sem prazo definido
na região -todos os veículos
que saírem às ruas correm risco
de ser bombardeados. Com isso, agências humanitárias
anunciaram que não poderão
mais levar ajuda à população.
Em 28 dias de ataques de Israel no Líbano, iniciados em retaliação ao seqüestro de dois de
seus soldados pelo grupo terrorista Hizbollah, morreram 605
civis no Líbano e 36 em Israel,
segundo os ministérios da Saúde dos dois países. As baixas
militares israelenses somam
65, e o Hizbollah, estima Israel,
perdeu mais de 400 guerrilheiros -o grupo admite 55.
O conflito forçou cerca de
900 mil libaneses a deixarem
suas casas, segundo a ONU. A
maioria encontrou refúgio em
casas de famílias e em instituições públicas de Beirute, ou nas
montanhas do norte do Líbano.
"A área ao sul do rio Litani virou uma zona de exclusão", disse Vincent Houver, chefe de
operações da Organização Internacional de Migração, em
Beirute. "A cidade de Tiro está
isolada", disse Robin Lodge,
porta-voz do Programa Mundial de Alimentação da ONU, a
agências de notícias.
As agências humanitárias
afirmam que a falta de combustível ameaça parar usinas de
energia, estações de tratamento de água e hospitais no sul do
Líbano a partir de hoje. O ministro da Saúde, Mohammad
Khalifeh, disse que o combustível é suficiente para manter os
hospitais por dois ou três dias.
Um carregamento de 87 mil
toneladas de combustível está
parado sob o bloqueio naval
imposto por Israel. Os donos
dos navios exigem garantia de
segurança por escrito.
Novos ataques
Depois de dizer que os ataques não teriam limites, Israel
bombardeou 14 aldeias no sul
do Líbano e seguiu com os combates terrestres, além de decretar o toque de recolher na área
para evitar o envio de foguetes,
armas e homens para o Hizbollah. Comboios de ajuda humanitária poderão passar se pedirem autorização antecipada.
Em Ghaziyeh, pelo menos 14
pessoas morreram e 23 foram
feridas em um bombardeio. O
ataque aconteceu no momento
em que eram enterradas vítimas dos bombardeios de anteontem. O Exército afirma que
o prédio atingido não ficava
perto do local dos enterros e
pertencia ao Hizbollah.
Cinco pessoas morreram na
explosão de caminhões-tanques atingidos por Israel perto
da fronteira síria e, no sul de
Beirute, seguiram as operações
de resgate nos escombros de
dois prédios atacados na véspera. Mais 28 corpos foram retirados, elevando o saldo de anteontem para 77.
Em Bint Jbeil, quatro soldados israelenses foram mortos
pelo Hizbollah. O grupo disparou mais cerca de 160 foguetes
contra o norte de Israel, que
atingiram Acre, Naharia, Tzfat
e Tiberíades, e Kiriyat Shmone.
Duas pessoas ficaram feridas.
Já o Exército de Israel disse
que matou cerca de 30 guerrilheiros e capturou mais de 20
desde segunda-feira.
Um ataque aéreo israelense
matou uma pessoa e feriu seis
em um campo de refugiados
palestinos em Sidon, no início
da manhã de hoje (noite de ontem no Brasil). O Exército israelense afirmou que o alvo era
uma casa do Hizbollah.
Israel ameaça expandir ainda
mais a atividade militar se não
houver uma solução diplomática em breve. O premiê Ehud Olmert disse esperar planos do
Exército para aumentar a presença no sul do Líbano.
A mídia israelense vem reportando fortes divergências
na cúpula militar do país sobre
a condução da guerra. Ontem, o
chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas, Dan Halutz,
interferiu no comando norte
do Exército e colocou seu vice,
Moshe Kaplinsky, para liderar
a ofensiva no sul do Líbano.
Segundo o governo em Israel,
300 mil pessoas deixaram o
norte do país, e 1 milhão passa a
maior parte do tempo em abrigos subterrâneos. As autoridades lançaram um programa para retirar até 14 mil moradores
da região de Kiriyat Shmone, a
mais atingida pelo Hizbollah.
Após quase um mês, muitos
abrigos subterrâneos estão
com problemas de esgoto, e falta ar-condicionado, sob 34C.
Cerca de 1.500 pessoas já se
inscreveram no plano.
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