São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Temendo atingir civis, pilotos israelenses recusam-se a disparar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA BASE AÉREA DE HATZOR

Ante o dilema de atacar alvos do Hizbollah no sul do Líbano e atingir civis, pilotos de caça israelenses têm se recusado a cumprir missões em pleno vôo. Outros disparam longe dos alvos determinados pelo comando. Os casos foram confirmados ontem à Folha por um oficial da Força Aérea de Israel.
"Há diversos exemplos de aviões que voltaram para a base com as bombas e de pilotos que não bombardeiam os alvos. Eles recebem a classificação de missão não cumprida", disse o oficial, sem dar números.
Segundo o oficial, os alvos são determinados pelo comando central da Força Aérea, seguindo informações do setor de inteligência militar. Mas a decisão final de bombardear cabe ao piloto, e eles têm liberdade de se recusar a disparar.
"É sempre um dilema: não dá para saber se uma casa onde vemos um lançador de foguetes do Hizbollah está vazia", disse ontem o coronel A., comandante da base de Hatzor, 40 km ao sul de Tel Aviv. O Exército proíbe divulgar nomes de pilotos. Segundo A., os pilotos têm tempo suficiente para analisar o alvo e decidir se vão atacar. Os alvos são monitorados pelo comando central, com imagens geradas em tempo real.
"Do alto, não dá para saber se há pessoas na casa onde o Hizbollah escondeu um lançador de mísseis. Por isso, às vezes civis são atingidos", disse o piloto I., 30, ao lado do F16 que pilota.
A navegadora N., 25, rejeita as críticas internacionais a Israel por causa das mortes de civis no Líbano. "Muitas vezes o Hizbollah manipula os números. Nós não planejamos atingir civis. Eles, sim, miram somente nos nossos civis", disse.
N. disse que participou até agora de "dezenas" de missões no Líbano, das cerca de mil que partiram de Hatzor. Sobre o ataque à aldeia de Qana, que matou 26 civis, ela diz que "sentiu-se mal como qualquer ser humano". "Mas nossa missão é muito clara. Fazer tudo o que for possível para defender nosso país do terrorismo. E a maioria dos alvos do Hizbollah está entre civis." (MG)


Texto Anterior: Guerra no Oriente Médio: Israel completa isolamento do Líbano; mortos vão a 790
Próximo Texto: Notas do front
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.