São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010

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"Mar de lama" engole 1.300 na China

Ao menos 127 pessoas estão mortas após deslizamentos provocados por inundações no centro-norte do país

Há mínimas chances de sobrevivência, afirma chefe de resgate; à espera de ajuda, 45 mil deixam suas casas

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Pelo menos 127 pessoas morreram e 1.300 estavam desaparecidas ontem, depois que deslizamentos provocados por inundações atingiram a Província de Gansu, no centro-norte da China.
O local mais crítico é o município de Zhouqu, de 135 mil habitantes, dos quais 30% são tibetanos. Imagens de TV mostraram grande parte da área urbana tomada por uma espessa camada de lama que atingiu a cidade entre a noite de sábado e a madrugada de ontem.
Na mesma região, situada num vale e cortada pelo rio Bailong, a vila de Yueyuan, com 300 casas, foi completamente engolida pela lama, informou o Ministério de Assuntos Civis. Segundo a equipe de resgate Céu Azul, a mais bem preparada da China, as chances de haver sobreviventes são mínimas.
"O resgate em deslizamentos é mais difícil do que em terremotos porque a água preenche os espaços e deixa pouco lugar para respirar", disse o capitão da equipe, Zhang Yong, ao jornal chinês "Global Times".
Pelo menos 45 mil pessoas tiveram de deixar suas casas, ao mesmo tempo em que 600 soldados e 740 policiais chegaram à região, mas a grossa camada de lama dificulta o acesso de equipamentos pesados, como escavadeiras.
"Podemos usar só pás e mãos para resgatar os enterrados", disse He Youxin, porta-voz da polícia, à agência de notícias estatal Xinhua.
O contingente seria reforçado nas próximas horas por mais 1.700 soldados, 1.400 policiais e uma equipe médica de 180 membros. O governo chinês enviou ainda 1.180 bombeiros, que reforçarão um contingente de 450 radicados na região.
Ao todo, a avalanche de lama e pedra cobriu cerca de 5 km em distância e 500 metros de largura, segundo estimativa do governo da Província de Gansu. Cerca de dois terços de Zhouqu ficaram sem luz, provocando problemas na comunicação. Na noite de ontem, o governo disse que a eletricidade estava praticamente restabelecida e que as estradas foram desobstruídas.

PREMIÊ
O governo decretou desastre nacional de nível dois, o segundo mais elevado.Os esforços de resgate estão sendo supervisionados pelo premiê Wen Jiabao, que viajou à região na manhã de ontem.
Os trabalhos correm contra o relógio. Apesar do tempo bom ontem, a previsão é de mais chuvas fortes amanhã e na quinta na região.
A atual temporada de fortes chuvas na China já causou 1.454 mortes, provocou a remoção de cerca de 12 milhões de pessoas e destruiu 1,36 milhão de casas, diz o Ministério de Assuntos Civis. Os prejuízos foram calculados em R$ 71,5 bilhões.
A tragédia em Zhouqu pode fazer com que o número de vítimas por inundações, as piores dos últimos dez anos, seja maior do que o do terremoto em Yushu, em abril, com 2.700 mortos.


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