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"Mar de lama" engole 1.300 na China
Ao menos 127 pessoas estão mortas após deslizamentos provocados por inundações no centro-norte do país
Há mínimas chances de sobrevivência, afirma chefe de resgate; à espera de ajuda, 45 mil deixam suas casas
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Pelo menos 127 pessoas
morreram e 1.300 estavam
desaparecidas ontem, depois
que deslizamentos provocados por inundações atingiram a Província de Gansu, no
centro-norte da China.
O local mais crítico é o município de Zhouqu, de 135 mil
habitantes, dos quais 30%
são tibetanos. Imagens de TV
mostraram grande parte da
área urbana tomada por uma
espessa camada de lama que
atingiu a cidade entre a noite
de sábado e a madrugada de
ontem.
Na mesma região, situada
num vale e cortada pelo rio
Bailong, a vila de Yueyuan,
com 300 casas, foi completamente engolida pela lama,
informou o Ministério de Assuntos Civis. Segundo a equipe de resgate Céu Azul, a
mais bem preparada da China, as chances de haver sobreviventes são mínimas.
"O resgate em deslizamentos é mais difícil do que em
terremotos porque a água
preenche os espaços e deixa
pouco lugar para respirar",
disse o capitão da equipe,
Zhang Yong, ao jornal chinês
"Global Times".
Pelo menos 45 mil pessoas
tiveram de deixar suas casas,
ao mesmo tempo em que 600
soldados e 740 policiais chegaram à região, mas a grossa
camada de lama dificulta o
acesso de equipamentos pesados, como escavadeiras.
"Podemos usar só pás e
mãos para resgatar os enterrados", disse He Youxin, porta-voz da polícia, à agência
de notícias estatal Xinhua.
O contingente seria reforçado nas próximas horas por
mais 1.700 soldados, 1.400
policiais e uma equipe médica de 180 membros. O governo chinês enviou ainda 1.180
bombeiros, que reforçarão
um contingente de 450 radicados na região.
Ao todo, a avalanche de lama e pedra cobriu cerca de 5
km em distância e 500 metros de largura, segundo estimativa do governo da Província de Gansu. Cerca de
dois terços de Zhouqu ficaram sem luz, provocando
problemas na comunicação.
Na noite de ontem, o governo
disse que a eletricidade estava praticamente restabelecida e que as estradas foram
desobstruídas.
PREMIÊ
O governo decretou desastre nacional de nível dois, o
segundo mais elevado.Os esforços de resgate estão sendo
supervisionados pelo premiê
Wen Jiabao, que viajou à região na manhã de ontem.
Os trabalhos correm contra o relógio. Apesar do tempo bom ontem, a previsão é
de mais chuvas fortes amanhã e na quinta na região.
A atual temporada de fortes chuvas na China já causou 1.454 mortes, provocou a
remoção de cerca de 12 milhões de pessoas e destruiu
1,36 milhão de casas, diz o
Ministério de Assuntos Civis.
Os prejuízos foram calculados em R$ 71,5 bilhões.
A tragédia em Zhouqu pode fazer com que o número
de vítimas por inundações,
as piores dos últimos dez
anos, seja maior do que o do
terremoto em Yushu, em
abril, com 2.700 mortos.
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