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Palestinos estão pessimistas com mudança
DA REUTERS, EM GAZA E NA CISJORDÂNIA
O premiê palestino indicado,
Ahmed Korei, não se sairá melhor
do que seu antecessor, Mahmoud
Abbas (mais conhecido como
Abu Mazen), a não ser que Israel
interrompa os ataques contra os
grupos terroristas, disseram vários palestinos ontem na faixa de
Gaza e na Cisjordânia.
"Se a agressão israelense continuar, Korei não vai conseguir impedir os militantes de retaliar, e a
situação só irá piorar", disse o engenheiro de computadores Ahmed Ayyesh, de Gaza. "Korei só
vai conseguir avançar se Israel lhe
der o que não deu a Mazen: não
apenas respeito, mas também um
compromisso sério com a paz."
Israel continuou a perseguir e
prender ou matar supostos terroristas palestinos depois que seus
líderes declararam um cessar-fogo unilateral, em junho, dizendo
que não tinha outra escolha porque Mazen não estava desmantelando os grupos armados, conforme prevê o novo plano de paz.
Líderes palestinos dizem que o
cessar-fogo não teria terminado
com novos atentados suicidas, no
mês passado, se Israel tivesse tido
uma atitude recíproca.
"Mazen falhou porque Israel levou adiante a agressão e ignorou
totalmente suas necessidades políticas. Não foi em função de suas
divergências com Arafat", disse
Samir, residente de Jerusalém
Oriental, de maioria árabe. "A
não ser que Israel ponha fim aos
ataques e aos assassinatos políticos, o governo de Korei não vai
sobreviver muito tempo", opinou
Samir.
Político moderado aliado de
Arafat, o próprio Korei pediu ontem moderação por parte de Israel e garantias de apoio dos EUA
e Europa antes de aceitar o cargo
de premiê. Foi uma ajuda que
Mazen disse não ter recebido e cuja falta citou como razão-chave de
sua renúncia, junto com a falta de
ações de Israel e a disputa de poder com Arafat.
Na opinião de Ayyesh, de Gaza,
"Korei vai acabar ao lado de Mazen, na berlinda, a não ser que os
Estados Unidos realmente pressionem Israel a comprometer-se
com o processo de paz".
Outros palestinos entrevistados
disseram que Korei terá duas vantagens em relação a Mazen: é um
político mais hábil e não vai dever
seu cargo a pressões externas.
Acusando Iasser Arafat de incitar a violência (o que ele nega),
Washington o obrigou a indicar o
reformista Mazen para dividir o
poder com ele, como pré-requisito do plano de paz, que prevê a
criação de um Estado palestino
em 2005.
"Korei não foi imposto de fora
para dentro, de modo que tem
chance maior de dar certo como
primeiro-ministro. Prevemos
uma coordenação melhor entre
ele e o presidente Arafat", opinou
um residente de Ramallah, Abdel-Salam al Remawi.
Para Haitham, da mesma cidade, Korei "possui um certo carisma que poderá lhe ajudar. Em última análise, porém, é um processo que requer a colaboração de
duas partes. A não ser que Israel o
ajude, interrompendo suas ações
militares, também ele fracassará."
Outros palestinos expressaram
pouca fé nas chances de êxito de
um processo de paz negociado
com o governo israelense de direita, por mais reformista ou moderado que seja o premiê palestino.
Para eles, o acordo de paz interino de Oslo, que Korei ajudou a
negociar uma década atrás, apenas levou mais assentamentos judaicos aos territórios ocupados,
em lugar dos avanços reais prometidos em direção ao Estado palestino. O processo de paz foi pontuado também por novos atentados suicidas cometidos por extremistas que se opõem à existência
de Israel.
"Acho que Korei não vai conseguir. Dez anos de acordo de Oslo
não nos trouxeram paz", disse o
professor Mohammad Ahmed
Hassan, de Gaza.
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