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São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

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COLÔMBIA

Presidente acusa entidades de "politiqueiras a serviço do terrorismo"

80 ONGs criticam política de Uribe

DA REDAÇÃO

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi duramente criticado ontem por um relatório assinado por 80 ONGs (organizações não-governamentais). O documento o acusa de ser autoritário e de ter aprofundado as desigualdades sociais do país.
A resposta de Uribe ao relatório, intitulado "A Maldição Autoritária", também foi dura. Em discurso durante uma cerimônia militar na capital, o presidente acusou as ONGs de serem "politiqueiras a serviço do terrorismo", em clara alusão às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Quando os terroristas começam a se sentir enfraquecidos, imediatamente enviam seus porta-vozes para os [grupos] de direitos humanos", disse Uribe, desafiando-os a "tirar suas máscaras e desistir da covardia de esconder suas idéias atrás dos direitos humanos".
O relatório de 172 páginas afirma que, durante o primeiro ano do governo de Uribe -ele assumiu o poder em agosto de 2002- , houve um aumento das violações aos direitos humanos e um retrocesso nas políticas sociais.
De acordo com o relatório, a política de segurança de Uribe "se caracteriza por operações militares indiscriminadas".
O relatório afirma que a política de Uribe se notabiliza "por militarizar a vida cotidiana, fechar o espaço da oposição política e social e negociar com os paramilitares de extrema-direita uma política de paz que serve ao fortalecimento da guerra".
Para as ONGs, a política de segurança nacional "aponta para o controle social e a implantação do terror na população".
As ONGs também criticam Uribe por não ter uma política de reforma agrária e denuncia o aumento de latifúndios. Segundo o documento, há no país cerca de 12,4 milhões de camponeses pobres de um total de 44 milhões de habitantes.

Violência
A Comissão Colombiana de Juristas -uma das 80 ONGs que assinam o documento-também denunciou ontem quem cerca de 7.000 pessoas foram assassinadas por razões políticas no país no ano passado.
"Há um retrocesso no fato de que medidas de exceção estão sendo tomadas sobre a liberdade de mobilização ou se estão perseguindo líderes sociais, sindicalistas, organizações não-governamentais e sociais durante o governo Uribe", disse Natalia Paredes, secretária técnica da associação que reúne as ONGs.
Ontem, o coordenador permanente da ONU na Colômbia, Alfredo Witschi Cestari, pediu que os grupos armados ilegais não utilizem os civis como "arma" no conflito interno colombiano, que já deixou cerca de 200 mil mortos em quatro décadas de luta.

Reação criticada
A reação de Uribe também foi criticada por grupos de direitos humanos e simpatizantes.
"Estigmatizar as ONGs é muito perigoso", disse o juiz da Suprema Corte da França Philippe Texier, que acompanhou o lançamento do relatório, em Bogotá. "Isso as coloca sob ameaça de morte", afirmou.


Com agências internacionais

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