CÍNTIA CARDOSO
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou ontem que pretende se encontrar nesta semana, em Genebra, com os chanceleres dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança para discutir uma nova resolução sobre o Iraque.
A discussão se daria a partir do pedido americano para que haja maior envolvimento militar internacional no Iraque, sob a chancela da ONU, proposta que foi recebida com reservas na Europa.
Funcionários dos EUA disseram que o secretário de Estado, Colin Powell, deverá comparecer.
Annan disse também que a crise no Iraque abriu a possibilidade de discutir uma ampla reforma da ONU.
"Para retomar sua autoridade, os principais órgãos da ONU precisam de reforma radical", disse Annan, a duas semanas da Assembléia Geral.
Discutida há mais de uma década, a reforma da entidade não se concretizou por falta de acordo em relação a pontos-chave, como, por exemplo, o novo formato do Conselho de Segurança.
Apesar disso, o secretário-geral disse ver uma nova chance de tentar levar a reforma adiante. "A crise do Iraque trouxe isso para o primeiro plano", afirmou.
No Conselho, Annan indicou que será imprescindível aumentar não só o número atual de países (15), como também o de vagas permanentes (hoje são cinco). "Não acho que haverá acordo sem permitir isso."
Outra proposta retomada ontem por Annan foi acabar com o Conselho de Tutela, criado para cuidar de protetorados -o órgão perdeu muito de sua importância inicial. Seria substituído por um novo órgão da ONU que abrigaria manifestações da sociedade civil e trataria de assuntos como "o ambiente e os oceanos".
Uma das discussões é sobre como aumentar a participação de ONGs no processo de deliberação da ONU. "Há uma demanda dessas organizações de ter um pouco mais de institucionalização", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que discursou ontem na ONU numa conferência de ONGs. Ele foi designado para apresentar propostas sobre o papel desses grupos na entidade.


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