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Líder de bloqueio rodoviário ameaça invadir campos
DA ENVIADA A TARIJA
"Não é possível que a região
que mais produz gás na Bolívia
viva de comércio de fronteira.
Queremos nossos recursos para termos um plano de desenvolvimento integral", diz Jorge
Baldivieso, um dos líderes dos
protestos em Yacuíba, na Província Gran Chaco, em Tarija.
A Província abriga mais de
dez pontos de bloqueios de estradas há 15 dias. Os bloqueios
já atrapalham o próprio Chaco,
que importa diesel da Argentina. Há cerca de 1.200 caminhões parados no lado argentino e o governo anuncia um colapso energético no sul e no leste do país em cinco dias.
Já falta gás na região que é a
principal fornecedora do combustível na América Latina.
Parte da população de Tarija
faz fila esperando a chegada de
botijões -são os mais pobres,
que não têm gás encanado.
O Chaco abriga os megacampos operados pela Petrobras e é
de onde partem caminhões-cisterna para o abastecimento
da população de Tarija.
Os manifestantes chaquenhos deram um ultimato ao governo: queriam que uma comotiva fosse encontrá-los para
discutir a devolução do IDH, o
imposto sobre o gás cujo repasse às regiões foi reduzido pelo
governo central, e o pagamento
de um percentual dos líquidos
exportados junto com o gás ao
Brasil -o governo brasileiro
começou a pagar por eles.
O prazo terminou ontem, e
eles não foram atendidos. Agora, prometem mais medidas de
pressão -entre elas, a invasão
de campos petrolíferos ou a interrupção de envio de gás, ambas estruturas vigiadas por militares. "Tudo que os militares
fazem nós ficamos sabendo antes. Há a subordinação à cadeia
de comando, mas há o sentimento chaquenho. Os militares
não querem confrontação conosco", disse Baldivieso à Folha. Ele também mencionou
um plano de intensificar o cerco a San Alberto, um dos operados pela estatal brasileira.
Centro x regiões
A Bolívia não é uma República federativa. Os departamentos têm pouca autonomia e elegeram seus governadores pela
primeira vez em 2005, quando
Evo Morales também foi eleito.
O conflito político entre a direita e o presidente esquerdista
intensificou reivindicações de
autonomia das regiões.
Cinco delas têm governadores oposicionistas. O referendo
do mês passado que confirmou
Morales no cargo com 67% dos
votos também os confirmou. O
presidente teve aprovação alta
mesmo em regiões opositoras,
mas a votação não solucionou a
divisão política entre o centro e
os departamentos.
(FM)
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