São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Líder de bloqueio rodoviário ameaça invadir campos

DA ENVIADA A TARIJA

"Não é possível que a região que mais produz gás na Bolívia viva de comércio de fronteira. Queremos nossos recursos para termos um plano de desenvolvimento integral", diz Jorge Baldivieso, um dos líderes dos protestos em Yacuíba, na Província Gran Chaco, em Tarija.
A Província abriga mais de dez pontos de bloqueios de estradas há 15 dias. Os bloqueios já atrapalham o próprio Chaco, que importa diesel da Argentina. Há cerca de 1.200 caminhões parados no lado argentino e o governo anuncia um colapso energético no sul e no leste do país em cinco dias.
Já falta gás na região que é a principal fornecedora do combustível na América Latina. Parte da população de Tarija faz fila esperando a chegada de botijões -são os mais pobres, que não têm gás encanado.
O Chaco abriga os megacampos operados pela Petrobras e é de onde partem caminhões-cisterna para o abastecimento da população de Tarija.
Os manifestantes chaquenhos deram um ultimato ao governo: queriam que uma comotiva fosse encontrá-los para discutir a devolução do IDH, o imposto sobre o gás cujo repasse às regiões foi reduzido pelo governo central, e o pagamento de um percentual dos líquidos exportados junto com o gás ao Brasil -o governo brasileiro começou a pagar por eles.
O prazo terminou ontem, e eles não foram atendidos. Agora, prometem mais medidas de pressão -entre elas, a invasão de campos petrolíferos ou a interrupção de envio de gás, ambas estruturas vigiadas por militares. "Tudo que os militares fazem nós ficamos sabendo antes. Há a subordinação à cadeia de comando, mas há o sentimento chaquenho. Os militares não querem confrontação conosco", disse Baldivieso à Folha. Ele também mencionou um plano de intensificar o cerco a San Alberto, um dos operados pela estatal brasileira.

Centro x regiões
A Bolívia não é uma República federativa. Os departamentos têm pouca autonomia e elegeram seus governadores pela primeira vez em 2005, quando Evo Morales também foi eleito. O conflito político entre a direita e o presidente esquerdista intensificou reivindicações de autonomia das regiões.
Cinco delas têm governadores oposicionistas. O referendo do mês passado que confirmou Morales no cargo com 67% dos votos também os confirmou. O presidente teve aprovação alta mesmo em regiões opositoras, mas a votação não solucionou a divisão política entre o centro e os departamentos.
(FM)



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