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Rússia promete deixar Geórgia em um mês
Novo acordo prevê substituição de tropas por monitores internacionais, com russos permanecendo só em regiões separatistas
Saakashvili elogia decisão; governo dos EUA anuncia que desistiu de aprovação de acordo de cooperação nuclear civil com Moscou
DA REDAÇÃO
Para neutralizar os mal-entendidos em torno do cessar-fogo negociado entre Rússia e
Geórgia, com a intermediação
da União Européia, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que
exerce a presidência rotativa do
bloco, obteve ontem do colega
russo, Dmitri Medvedev, o
compromisso de retirada, dentro de um mês, de seus militares do território georgiano.
Isso ocorrerá com a chegada
de monitores internacionais
-das Nações Unidas, da OSCE
(Organização para a Segurança
e a Cooperação na Europa) e da
própria UE- que garantirão a
inviolabilidade das divisas que
separam a Geórgia dos territórios autonomistas da Ossétia
do Sul e da Abkházia.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, declarou que
o novo acordo "é um passo importante" e "um bom começo".
O conflito de seis dias eclodiu
em 7 de agosto, quando o governo georgiano tentou retomar
pela força a Ossétia do Sul, que
por acordos internacionais estava desde 1992 sob a tutela da
Rússia. Em resposta, o governo
russo enviou contingentes que
ocuparam uma parcela do solo
georgiano.
Zona-tampão
Moscou assegurava que o
cessar-fogo lhe dava o direito
de manter militares numa zona-tampão de dez quilômetros,
dentro da Geórgia, nas divisas
com as duas áreas autonomistas, o que era negado por Tbilisi. Os dois países chegaram a
evocar a existência de versões
contraditórias do cessar-fogo.
Essas razões levaram ontem
Sarkozy novamente aos dois
países em litígio. Ele chegou à
noite à Geórgia para submeter
a Saakashvili o novo plano de
sete pontos negociado mais cedo com Medvedev.
O plano prevê a retirada russa em duas etapas. Na primeira,
dentro de sete dias, a Rússia recuará para trás de uma linha
que vai das cidades de Poti a Senaki. Na segunda, ela voltará
com seus militares para dentro
da Ossétia do Sul e da Abkházia,
após a chegada da equipe internacional de monitoramento.
A União Européia enviará
"ao menos" 200 monitores.
Apenas dez dias depois da chegada deles é que os russos se retirarão totalmente da Geórgia.
O primeiro ponto do plano
prevê que a Geórgia não usará a
força contra a Ossétia do Sul e a
Abkházia, territórios formalmente seus, mas de população
majoritariamente russa.
O acordo também estipula
negociações em Genebra, a partir de 15 de outubro, sobre a
"segurança e a estabilidade" da
região. O texto não prevê para a
Geórgia sua integridade territorial, condição evocada pelo
presidente daquele país depois
de encontro, já tarde da noite,
com o presidente francês.
"Acredito que esse [novo]
acordo representa o máximo
que se poderia obter", declarou
Sarkozy, ainda na Rússia.
Medvedev disse estar cumprindo sua parte e criticou duramente Saakashvili e os EUA,
a seu ver responsáveis pelo
conflito ao terem armado a
Geórgia e acenado com o ingresso dela na Otan, a aliança
militar ocidental.
O presidente francês criticou
a Rússia por ter unilateralmente reconhecido os dois territórios autonomistas. Medvedev
respondeu que a decisão do
Kremlin é "irrevogável".
EUA
Em nova demonstração de
seu desagrado com a situação
no Cáucaso, o governo dos EUA
anunciou ontem que desistiu
de aprovar no Congresso um
acordo de cooperação nuclear
civil com Moscou.
"O presidente notificou o
Congresso que ele desistiu de
sua determinação anterior em
relação ao acordo de cooperação nuclear pacífica com a Rússia. Tomamos essa decisão com
pesar", disse um comunicado
do Departamento de Estado.
A Rússia não comentou a decisão de Washington.
Com agências internacionais
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