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REAÇÃO NACIONAL
Brasil já
prepara envio
de tropas
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O Brasil já está preparando o
envio de tropas para Timor
Leste como parte de um contingente militar patrocinado
pela Organização das Nações
Unidas (ONU) ou autorizado
por ela.
Os ministros das Relações
Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, e da Defesa, Elcio Alvares, se reúnem hoje para tratar
do assunto.
"O Brasil não pode ficar ausente dos esforços da comunidade internacional" em Timor
Leste, disse Lampreia à Folha.
Segundo ele, o presidente
Fernando Henrique Cardoso
"sinalizou concretamente",
com nota divulgada ontem,
que o país vai "promover ações
concretas" em relação a Timor.
Na nota, FHC diz ter conversado por telefone com seu colega indonésio, B.J. Habibie. "É
de toda urgência que as autoridades daquele país adotem medidas eficazes para conter imediatamente a violência crescente e ostensiva dos direitos básicos do povo timorense", diz o
documento.
O presidente afirmou ainda
ser "inaceitável que se busque
frustrar pela força a aspiração
inequívoca do povo de Timor
Leste pela independência".
Segundo Lampreia, ainda
não está resolvido se o Brasil financiará o envio de seus soldados ou se as despesas correrão
por conta da ONU. Isso depende do tipo de missão que for
enviada.
O ministro também realçou
que é necessária a concordância da Indonésia para que as
tropas sejam despachadas.
"Mas a comunidade internacional não pode ficar insensível" diante do problema de Timor Leste, disse Lampreia. "É o
outro lado da moeda de Kosovo, onde a intervenção militar
se justificou por motivos humanitários."
O Brasil tinha quatro militares desarmados, seis policiais e
19 peritos eleitorais na missão
da ONU que fiscalizou o plebiscito em que a maioria absoluta
dos timorenses optou pela independência.
Além disso, o país já vinha se
preparando para dar assistência ao futuro governo independente nas áreas de saúde, educação, agricultura e formação
de quadros para administração
pública.
No desenho de cenários feito
pelo governo brasileiro antes
do plebiscito, a pior situação
seria a Indonésia não conseguir
manter a segurança de Timor
Leste e ocorrer um banho de
sangue, seguido do êxodo de
pessoas que têm posição contra a independência, receosas
de um acerto de contas do futuro governo.
Nessa situação, ficariam em
Timor Leste apenas radicais
pela reanexação à Indonésia,
que poderiam inviabilizar o futuro governo com guerra de
guerrilhas.
A mais recente participação
do Brasil em forças de paz da
ONU ocorreu entre 1995 e 1997
em Angola. O Brasil mandou
800 militares em um total de 5
mil que fiscalizavam o cumprimento do acordo de Lusaka
entre o governo angolano e a
Unita, grupo armado de oposição.
Um militar brasileiro, o cabo
fuzileiro naval Aladarque Cândido dos Santos, morreu quando um comboio de comida que
ajudava a escoltar foi atacado.
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