São Paulo, Sábado, 09 de Outubro de 1999
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CONFLITO NA RÚSSIA

Aliança ocidental não responde a apelo de separatistas, que acusam Moscou de matar civis

Tchetchênia pede mediação da Otan
Associated Press
Soldados russos dormem após noite de patrulha a cerca de 30 km de Grozni, capital tchetchena


das agências internacionais

O presidente tchetcheno, Aslan Maskhadov, enviou ontem uma carta ao novo secretário-geral da Otan, o britânico George Robertson, pedindo mediação para a normalização das relações entre a Rússia e a Tchetchênia. A aliança militar ocidental diz não ter recebido a carta.
Apesar dos chamados ao diálogo, Aslan Maskhadov não deixou de lado ameaças de guerra. Disse que, caso Moscou não aceite negociar, "a máquina de guerra já está em marcha e será difícil detê-la".
Autoridades tchetchenas acusaram a Rússia ontem de ter matado cerca de 30 civis em um bombardeio lançado por aviões no vilarejo de Elistanzhi.
Moscou nega o ataque, que foi confirmado por um correspondente da agência de notícias "Reuters" que visitou o local. O prefeito do vilarejo disse que 29 pessoas morreram e 62 foram levadas ao hospital com ferimentos.
Na terça-feira, as tropas russas já haviam sido acusadas de matar civis. Segundo o governo tchetcheno, um tanque atingiu um ônibus que levava refugiados, matando pelo menos 41 pessoas que fugiam do conflito.
A Rússia admitiu ontem já ter perdido entre 20 e 30 soldados desde o início de sua nova ofensiva na Tchetchênia, há uma semana. A informação foi dada pelo número dois da hierarquia militar russa, o general Valeri Manilov. Autoridades tchetchenas dizem já ter matado mais de 200.
Rebeldes islâmicos da Tchetchênia ofereceram resistência ontem ao avanço das tropas russas, que já dominam um terço da região separatista. As duas partes se enfrentaram por várias horas em Ichtcherskaia (norte da região) -os rebeldes tentam impedir que os russos atravessem o rio Terek.
Moscou afirma controlar um terço do território da região separatista, numa ação lançada para estabelecer uma "zona de segurança" para impedir a movimentação de terroristas islâmicos que teriam refúgio na região.

Atentados
A Rússia acusa separatistas muçulmanos pela série de atentados a bomba que matou mais de 300 pessoas nos últimos meses.
O premiê russo, Vladimir Putin, disse não excluir a possibilidade de enviar suas tropas para dominar toda a região. "A Tchetchênia é parte do território da Rússia. As forças irão até onde têm de ir."
Uma ofensiva total poderia levar Moscou a uma guerra com as dimensões daquela travada entre 94 e 96, em que milhares de soldados russos morreram.
Depois do conflito, Moscou deixou de controlar a Tchetchênia, embora a região, formalmente, continue a pertencer à Rússia.



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