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Participação de
franceses é certa e
irrestrita, diz Paris
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
A participação da França nas
operações militares no Afeganistão é certa e será irrestrita, segundo o ministro da Defesa francês,
Alain Richard. Ela depende apenas da definição sobre que tipo de
atuação o país terá -o que está
sendo discutido com os EUA. "É
coisa de dias", disse Richard. "Poderiam ser forças especiais, suporte naval e apoio aéreo. Nós
não temos limitações."
O Ministério da Defesa divulgou ontem que agentes secretos
franceses já estão atuando no Afeganistão há semanas, ao lado da
Aliança do Norte, que luta contra
o regime do Taleban. Detalhes são
mantidos em segredo. Para especialistas, esses agentes estariam
relacionados aos vários órgãos de
operação antiterrorista da França.
"A França pode ser útil nos serviços de espionagem. A rede de
espiões franceses é forte, pois o
país tem sido confrontado com
ataques extremistas desde os anos
90 e está mais preparada", afirmou à Folha a pesquisadora Nathalie Cettina, autora de "O Antiterrorismo em Questão".
O governo francês vai ainda
consultar o Parlamento antes de
se engajar nas operações, o que
pode levar tempo. Amanhã, Richard e o ministro das Relações
Exteriores, Hubert Védrine, serão
ouvidos por comissões especiais.
A questão provocou uma crise
na esquerda francesa, que é maioria parlamentar, depois de pronunciamentos de dirigentes do
Partido Verde e do Partido Comunista Francês.
O verde Noël Mamère declarou
que os ataques eram "um ato de
guerra contra o povo afegão". O
comunista Robert Hue, secretário-geral do partido, disse que
"são reais" os riscos de se desencadear uma "engrenagem incontrolável". Tantos os verdes quanto
os comunistas são aliados do Partido Socialista, ao qual pertence o
primeiro-ministro Lionel Jospin.
Manifestações contra os ataques
ocorreram em Paris ontem e no
domingo.
Até o momento, a participação
da França tem sido discreta na crise. O país liberou o seu espaço aéreo para os vôos militares americanos e ingleses, ofereceu os seus
portos para escalas e colocou à
disposição dois navios, a fragata
Courbet e o petroleiro Var. Ontem, enviou para o Egito e o mar
Vermelho cerca de 1.500 homens.
A participação da Alemanha
não tem sido maior. O chanceler
(premiê) alemão, Gerhard Schröder, ofereceu seu apoio militar. "A
Alemanha, como a França, dará
sua contribuição na medida de
nossas possibilidades e das demandas que nos sejam feitas",
disse. Schröder viaja hoje para os
EUA, a fim de discutir a participação da Alemanha com Bush.
A Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan) também
renovou ontem seu apoio às ações
militares e anunciou o envio de
cinco aviões Awacs, de vigilância
por radar, para apoiar as forças
anglo-americanas.
Em Luxemburgo, durante reunião excepcional ocorrida ontem,
os ministros de Relações Exteriores dos 15 países da União Européia reafirmaram o seu "apoio
completo" aos Estados Unidos e
defenderam um novo regime político para o Afeganistão, na "hora
certa".
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