São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Família refuta lista de mortos de FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O brasileiro Alex Alves da Silva, 31, citado em pronunciamento ontem à noite na TV e no rádio pelo presidente Fernando Henrique Cardoso como sendo um dos mortos no atentado terrorista contra o World Trade Center no último dia 11, está vivo, segundo a sua família.
A ex-mulher de Silva, Cristiane Fucilini, disse que anteontem ele ligou para sua irmã, Leila da Silva, que vive em Uberlândia (MG).
A última informação que havia transmitido para a família era a de que se ferira na cabeça, braço e costas e, por isso, o haviam levado para um hospital. Alex Silva estava em uma das torres do WTC no momento dos atentados. Leila teria avisado a embaixada que ele estava vivo.
Antes da ligação feita ontem, Silva já havia telefonado para a família no dia 14 (dizendo que estava vivo) e no dia 29 (seu aniversário). Nessa segunda ocasião, falou com seus dois filhos.
""Pode ser uma grande coincidência de nomes, se existia um outro Alex Alves da Silva em situação semelhante à dele, mas não acredito. A Leila iria telefonar para a embaixada hoje (ontem) à noite mesmo ou amanhã (hoje). Vamos nos esforçar para esclarecer bem esta história", disse a ex-mulher de Silva.
""Não sei onde ele está agora, se ainda está em Nova York. Alex trabalhava como garçom em um restaurante. Decidimos nos separar há pouco mais de uma ano e meio, quando ele foi tentar a vida nos Estados Unidos, e eu fiquei."
Uma das razões mais prováveis para a embaixada brasileira não ter encontrado Silva em algum hospital de Nova York nos dias seguintes aos atentados é o fato de ele não estar com sua situação legalizada nos EUA.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, durante o pronunciamento, divulgou a lista oficial de brasileiros considerados mortos nos atentados.
Os cinco nomes foram repassados ao Itamaraty pelo Consulado do Brasil em Nova York. Além de Alex Silva, foram citados como mortos os nomes de Anne Marie Sallerin Ferreira, Ivan Fairbanks Barbosa, Sandra Fajardo Smiths e Nilton Albuquerque. De acordo com o governo, essa lista é oficial e foi passada por escrito ao Ministério das Relações Exteriores.

Apoio
Em seu pronunciamento, FHC pediu às forças políticas do país o apoio necessário para o governo enfrentar as dificuldades que vierem a ser provocadas pela guerra. FHC não deu detalhes sobre as dificuldades que prevê.
"Tempo de conflito lá fora deve ser tempo de união aqui dentro", disse FHC em pronunciamento à noite em cadeia nacional obrigatória na TV e no rádio. "Conclamo as forças políticas a dar ao país o apoio necessário para enfrentarmos, juntos, as dificuldades que teremos pela frente" (leia a íntegra do discurso abaixo).
"Devemos ter consciência de que cooperar com a nação nessas circunstâncias difíceis é tarefa de cada brasileiro", afirmou FHC.
O presidente da Argentina, Fernando de la Rúa, que almoçou com FHC no Palácio da Alvorada, disse que os dois países trabalharão em regime de "profunda cooperação" no combate ao terrorismo e ao narcotráfico.
Segundo De la Rúa, os dois combinaram que FHC coordenaria ações das forças de segurança dos dois países "para que as pessoas vivam tranquilas", sem a ameaça de terrorismo.
FHC afirmou que essa cooperação se dará na área de inteligência financeira.
O presidente disse que enviou carta (cujo texto não foi divulgado) a vários líderes mundiais e ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, sobre a necessidade de "absoluta cooperação e solidariedade no combate ao terrorismo, o que requer também absoluta cooperação e solidariedade no combate à pobreza".

Provas
As provas que o governo americano apresentou comprovando que Osama bin Laden foi o responsável pelo ataque terrorista convenceram o governo brasileiro.
As informações foram dadas pelo embaixador interino dos Estados Unidos no Brasil, Cristóbal Orozco, aos ministros Celso Lafer (Relações Exteriores), José Gregori (Justiça) e Geraldo Quintão (Defesa) na última terça-feira.
"As provas revelam conexão clara entre Bin Laden e uma rede de contato com o Afeganistão", disse Lafer. "Mas não posso revelar todo o conteúdo da conversa."



Texto Anterior: Lula afirma que caça a culpados é direito dos EUA
Próximo Texto: Consulados não vão atender público hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.