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RÚSSIA
Mais de um ano após o naufrágio, plataforma iça a embarcação nuclear; toda a operação só deve terminar em 2002
Holandeses tiram submarino Kursk do fundo do mar
DA REPORTAGEM LOCAL
O submarino nuclear russo
Kursk foi içado com sucesso ontem, mais de um ano depois de
seu naufrágio quando fazia manobras no mar de Barents. Morreram 118 marinheiros na tragédia.
A operação havia sido marcada
inicialmente para 15 de setembro,
mas teve de ser adiada na ocasião
por causa do mau tempo. Existia
ainda o temor de que, durante o
resgate, ocorresse contaminação
radioativa.
A retirada do submarino do
fundo do mar durou pouco mais
de 15 horas, informou Larissa van
Seumeren, porta-voz da companhia holandesa Mammoet, contratada pelo governo russo para
fazer o resgate.
Além do risco envolvido, e das
condições climáticas adversas, a
operação também era considerada difícil por causa do porte do
submarino. O Kursk possui 154
metros de comprimento e quase
20 mil toneladas de peso.
A Mammoet informou que o
submarino estava muito mais
próximo do nível do mar do que a
equipe de resgate havia previsto
inicialmente. "Podemos dizer que
foi mais fácil do esperávamos",
disse a porta-voz da Mammoet.
A Marinha russa recebeu com
alívio a notícia de que a primeira
parte da operação havia sido concluída sem incidentes. "Recebemos a notícia com comoção. Significa que todo o trabalho de marinheiros, mergulhadores e técnicos de todo o tipo não foi em vão",
disse ontem o vice-almirante Mikhail Motsak, que chefia a divisão
norte da Marinha russa.
Nos sete dias que antecederam
o içamento, mergulhadores tiveram de afixar 26 cabos do navio
Giant 4 no Kursk. Ontem, logo
após seu içamento, o Giant-4 começou a transportar o submarino
até um dique seco na cidade russa
de Rosliakovo.
A equipe responsável pelo resgate disse que ia tentar tirar o máximo de proveito das condições
meteorológicas favoráveis para
completar a operação. Se o bom
tempo persistir, a previsão é que o
Kursk chegue a Rosliakovo em
um prazo de 36 horas.
"A única coisa que tememos
neste momento é que o tempo
mude", afirmou Vladimir Navrotsky, porta-voz da divisão norte da Marinha russa.
Custo
Toda a operação de resgate do
Kursk, que vai custar US$ 65,2
milhões ao governo russo, só deve
terminar no ano que vem.
No dique seco de Rosliakovo,
vão ser desmontados os mísseis
instalados no submarino. Na última etapa da operação, calculada
para ser iniciada dentro de seis
meses, o submarino será transportado para Snezhnogorsk, de
onde será retirado o combustível
de seus reatores nucleares.
Ontem, as Forças Armadas russas informaram que os sensores
instalados em diversos pontos do
casco do submarino não haviam
registrado qualquer tipo de contaminação radioativa.
Enquanto o Kursk era içado, foram recolhidos vários fragmentos
de sua proa para que sejam avaliadas as possíveis causas das explosões que provocaram o naufrágio
do submarino russo.
Sem sobreviventes
O acidente com o Kursk ocorreu
em agosto de 2000 e resultou na
morte de 118 marinheiros. A
maioria morreu nos minutos que
se seguiram à explosão, mas, como se soube graças a um bilhete
deixado pelo tripulante Dmitri
Kolesnikov (um dos 12 mortos
cujos corpos foram resgatados),
23 marinheiros ainda sobreviveram por várias horas.
A tragédia com o Kursk foi considerada por analistas como mais
um sintoma dentro do quadro geral de decadência da Marinha russa. Na ocasião do acidente, o presidente russo, Vladimir Putin, foi
duramente criticado porque não
quis interromper suas férias para
visitar o local do acidente.
Meses atrás, Ilia Klebanov, vice-premiê responsável pela indústria
militar, afirmou que o maior problema é que há um número indeterminado de torpedos não havia
explodido. Assim, não se sabe o
que pode acontecer quando a
proa for separada do resto do corpo do submarino.
Com agências internacionais
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