São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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Países reagem com otimismo a discurso de Bush

DA REDAÇÃO

Líderes de diversos países disseram acreditar que o presidente dos EUA, George W. Bush, tenha adotado um tom mais conciliatório sobre o Iraque em discurso feito na noite de anteontem.
Afirmaram que uma guerra ainda pode ser evitada por meio da diplomacia. Bush tentou convencer o público doméstico e a comunidade internacional de que Saddam Hussein e suas armas de destruição em massa são uma ameaça a ser contida imediatamente.
Disse também, porém, que o uso da força contra o ditador iraquiano não é "inevitável" -contanto que Bagdá colabore com a inspeção de armas para o desmantelamento de seus arsenais.
O chanceler britânico, Jack Straw, declarou: "O uso da força no Iraque não é inevitável. O presidente Bush deixou isso claro em seu discurso, quando efetivamente explicou que há uma escolha para Saddam Hussein".
Straw iniciou ontem, no Egito, um giro pelo Oriente Médio para convencer países da região a apoiar a posição de Washington e de Londres contra Saddam.
A França, que tem importante papel nas negociações do Conselho de Segurança (CS) da ONU sobre nova resolução contra o Iraque, mostrou ontem otimismo.
Assim como Rússia e China, que também têm direito a veto no CS, a França é contra a proposta de resolução elaborada por EUA e Reino Unido que prevê a autorização para o uso da força contra o Iraque se Saddam não cooperar com as inspeções.
Um porta-voz da Chancelaria francesa disse haver um processo de convergência de idéias no CS para que os inspetores possam voltar a Bagdá e retomar os seus trabalhos, interrompidos em 1998. "Ainda não chegamos ao ponto de trabalhar num texto único, mas o diálogo tem sido muito construtivo."
A Casa Branca parece ter adotado uma retórica dúbia calculada. Tenta agradar aqueles dentro e fora dos EUA que criticam uma posição belicosa e unilateralista do presidente e, ao mesmo tempo, manter aberta a possibilidade de atacar Bagdá para depor Saddam.
Assim como no discurso de anteontem, declarações feitas ontem por Bush permitem essa dupla leitura. "Colocar as nossas forças militares em risco é minha última escolha", disse ele. "Mas, se tivermos de fazer isso, (...) toda a força e a fúria militar dos EUA será usada. E vamos prevalecer."
O presidente americano pressiona o Congresso a aprovar uma resolução autorizando o uso da força militar contra o Iraque. A Câmara dos Representantes (deputados) já entrou em acordo com Bush. O Senado iniciou debate ontem, que deve ser concluído com uma votação até amanhã.
O secretário de Estado, Colin Powell, pediu ontem aos congressistas a aprovação sem emendas da resolução. "Buscamos um apoio sólido para sinalizar a determinação americana, e creio que a resolução em sua forma atual nos dá o que precisamos", afirmou Powell.
O Iraque nega possuir armas de destruição em massa. Parlamentares do país disseram ontem que o discurso do presidente americano estava "cheio de mentiras". "O discurso trouxe informações enganosas por meio das quais Bush tenta justificar um ataque ilegítimo contra o Iraque", afirmou o chanceler Naji Sabri.


Com agências internacionais

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