São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Ao menos 30 pessoas morreram nos ataques a resorts egípcios, a maioria israelenses; há 38 desaparecidos

Israel e Egito ligam atentados à Al Qaeda

Sebastian Scheiner/Associated Press
Membro da equipe de resgate descansa entre ruínas em Taba


DA REDAÇÃO

Autoridades de Israel e do Egito afirmaram ontem que os três atentados de quinta-feira contra resorts na península do Sinai, no Egito, foram provavelmente organizados pela Al Qaeda ou grupos ligados à rede terrorista.
Os ataques atingiram o hotel Hilton em Taba, a apenas alguns metros do posto fronteiriço que separa o Egito de Israel, e, cerca de uma hora depois, as localidades de Ras al Sultan e Nueiba, ao sul de Taba. Os locais estavam lotados de turistas que aproveitavam o feriado judaico do Sukot.
Ao menos 30 pessoas morreram nos ataques, segundo informou o Exército de Israel. Outras 124 ficaram feridas e ao menos 38 estão desaparecidas, provavelmente soterradas nos escombros do hotel. Inicialmente, o Egito havia anunciado 35 mortes.
"Não haverá acordo com o terror. Combateremos com todos os meios possíveis, sem restrições", disse o premiê israelense Ariel Sharon após reunião ministerial de emergência, em Jerusalém.
Em entrevista a uma rádio, o vice-ministro da Defesa israelense, Zeev Boim, afirmou que a principal suspeita recai sobre "grupos terroristas internacionais como a Al Qaeda ou seus afiliados". "Isso é diferente do que estamos familiarizados em ações de grupos terroristas palestinos", disse.
Uma fonte de segurança do Egito afirmou que a hipótese principal é que um grupo ligado à Al Qaeda tenha realizado os ataques. Porém, o chanceler egípcio, Ahmed Aboul Gheit disse que é cedo para especular. "Foi um atentado terrorista, mas quem o fez? Não podemos dizer, já que as investigações apenas começaram."
"Não estamos descartando ninguém", disse o ministro do Interior do Egito, Habib el Adly.
Ao menos três grupos reivindicaram os ataques, o que ainda não foi comprovado: Brigadas Islâmicas Tawhid, Brigadas Abdallah al Azza e Jamaa al Islamiya al Alamiya, também conhecido como Grupo Islâmico Mundial.
A Autoridade Nacional Palestina negou qualquer participação de grupos terroristas palestinos. O Hamas e o Jihad Islâmico também negaram envolvimento. "A luta é nos territórios ocupados e não no estrangeiro", disse Jaled al Batch, do Jihad Islâmico.
Em nota, o Itamaraty afirmou que "o governo brasileiro repudia semelhantes manifestações de violência e volta a conclamar a comunidade internacional a unir esforços na busca de soluções que erradiquem as causas estruturais de tais atos". França, EUA, União Européia e a ONU também condenaram os ataques.
Segundo o jornal israelense "Haaretz", resultados iniciais de uma investigação conjunta por oficiais de segurança do Egito e de Israel sugerem que os terroristas tinham planejado explodir três hotéis distintos no Sinai. As explosões em Nueiba e Al Sultan teriam ocorrido prematuramente.
O governo de Israel advertira há um mês aos cidadãos do país que não viajassem à região devido à possível ocorrência de atentados.
O Egito aumentou o nível de segurança nos aeroportos do Cairo e nas localidades turísticas de Luxor, Hurghada e Aswan (sul). O policiamento foi incrementados nos arredores de hotéis.

Resgate
Até agora, foram identificados entre os mortos 19 israelenses, seis egípcios e um russo. Duas italianas estão desaparecidas.
Investigações preliminares e relatos de testemunhas indicam que um caminhão carregado de explosivos chocou-se contra o lobby do hotel em Taba. Momentos depois, um homem-bomba se detonou perto da piscina. Carros-bomba também teriam sido usados em Ras al Sultan e Nueiba, onde dois israelenses morreram.
Equipes de resgate tentavam localizar sobreviventes com britadeiras e até cães farejadores entre os escombros do hotel, em que dez andares e o teto do lobby desabaram com as explosões.
"Ainda estamos buscando por vidas. Estamos cavando quase com as próprias mãos", disse o general israelense Yair Naveh. "Até chegarmos ao fundo do hotel, ainda poderemos encontrar pessoas."
Mas muitos já estavam desesperançados. "Não acredito que alguém ainda esteja vivo. Acabamos de retirar uma criança, que estava morta", disse Gefan Naty, da equipe de resgate.

Gaza
Israel continuou ontem sua ofensiva militar na faixa de Gaza. Ontem, mais quatro civis palestinos, incluindo uma menina de dez anos, morreram na operação.

Com agências internacionais

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