São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

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Narcotráfico vira tema de debate em eleições argentinas

Oposição acusa governo de permitir controle de parte do país por traficantes; Cristina não aborda o assunto

Recente apreensão de cocaína mostra ação de cartel mexicano Los Zetas, um dos mais violentos do mundo

11.nov.2010 - Divulgação Polícia de Buenos Aires
Maconha apreendida pela polícia de Buenos Aires em 2010

LUCAS FERRAZ
SYLVIA COLOMBO

DE BUENOS AIRES

Um dos temas mais incômodos na corrida eleitoral argentina, principalmente para a presidente Cristina Kirchner, é o expressivo aumento do narcotráfico, que se desenvolve inclusive com a presença do cartel mexicano Los Zetas, um dos mais violentos do mundo.
Antes rota do tráfico internacional, a Argentina se transformou também num polo de processamento de cocaína, facilitado pela demanda de seu mercado interno e pela grande quantidade de laboratórios e produtos químicos em circulação no país.
Há duas semanas, surpreendeu o anúncio feito pelo governo da província de Buenos Aires de que um integrante dos Zetas havia sido detido em La Plata com 50 kg de cocaína.
Esse foi apenas mais um registro entre dezenas de apreensões de drogas e detenções de traficantes. Em janeiro, três argentinos foram presos quando tentavam entrar na Espanha com quase uma tonelada de cocaína num jatinho. O voo tinha partido do aeroporto de Ezeiza.
Com os recentes episódios no meio da campanha eleitoral, o assunto entrou no debate político. Francisco de Narváez, candidato à província de Buenos Aires, atacou o governo local e nacional por, segundo ele, deixar o entorno da capital sob o controle do narcotráfico.
Favorita para ser reeleita no primeiro turno, daqui a duas semanas, Cristina não aborda o tema. "Na verdade toda a classe política precisa se desculpar, pois nós todos subestimamos esse assunto", disse à Folha o deputado socialista Fábian Peralta, presidente da Comissão de Combate ao Narcotráfico da Câmara dos Deputados.
Para ele, a Argentina oferece pouco risco para os traficantes e é o segundo país que mais consome cocaína na América Latina, perdendo apenas para o Brasil, conforme dados da ONU. "E o pior é que o governo não sabe como lidar com a questão."
Parte do problema está na desavença dentro da Casa Rosada sobre os produtos químicos controlados pelo governo -são 60 atualmente, mas uma ala do governo diz que a lista está defasada.
Outro problema, não muito diferente do Brasil, é a falta de controle nas fronteiras. O governo Kirchner ainda não implementou, como havia prometido, um sistema de vigilância aérea em toda sua faixa de fronteira.
A falta de controle leva ao crescimento dos cartéis e das pistas clandestinas, que, segundo a Associação Antidrogas da Argentina, chegam a mais de 1.500, principalmente no norte do país.


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