São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2000

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 Eleitores criam leis locais por meio de referendos

 Foram votadas mais de 200 propostas, sobre vários temas

O IMPÉRIO VOTA
Uso medicinal da maconha é aprovado

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS


Da aprovação de novos controles sobre o comércio de armas à derrota das propostas pelo ensino pago, os eleitores dos EUA fizeram valer na terça-feira, por meio de referendos, suas posições sobre legislações estaduais e locais.
Nas eleições regionais, o eleitorado se debruçou sobre mais de 200 propostas, que abrangiam questões como impostos, política de zoneamento, "casamento" entre homossexuais e eutanásia.
Numa das mais emocionais disputas da eleição, os eleitores do Colorado aprovaram maciçamente a checagem de antecedentes de todos os compradores de armas -algo que, dizem os partidários, poderia ter prevenido o massacre da escola Columbine.
"Foi Daniel que realmente levou a isso, ele foi minha inspiração", disse Tom Mauser, um dos líderes da campanha, cujo filho de 15 anos, Daniel, foi um dos 15 mortos a tiros na tragédia.
O índice de aprovação da medida foi de 70% dos votos apurados. Houve acolhimento de iniciativa semelhante no Oregon.

Golpe na educação privada
Naquele que pode ter sido o maior revés do movimento que busca mais opções privadas para o ensino nos Estados Unidos, os eleitores da Califórnia e de Michigan derrubaram propostas de bolsas para cursos particulares.
Na Califórnia, onde os militantes a favor e contra gastaram US$ 40 milhões para tentar convencer os outros, o eleitorado bateu a proposta de dar aos pais US$ 4.000 anuais para que matriculassem seus filhos em escolas pagas. A proposta de Michigan era mais modesta e foi também rejeitada.
"Estamos exultantes", disse Oscar Gonzales, porta-voz dos militantes contrários à medida. "Há muita confiança ainda em nosso sistema público de educação."
Os favoráveis à idéia dizem que os planos de bônus são cruciais para dar aos pais a chance de tirar suas crianças do fragilizado sistema público. Seus oponentes, porém, afirmam que o efeito seria destrutivo, por causa do desvio do escasso dinheiro destinado às escolas do governo.

Minorias e drogas
A campanha pelos direitos dos homossexuais foi derrotada em Nebraska, onde os eleitores aprovaram uma lei que bane o reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Semelhante medida também foi aprovada em Nevada, enquanto que, no Maine, foi rejeitada por uma pequena margem iniciativa que pretendia proibir a discriminação contra homossexuais. Houve empate no Oregon, indeciso sobre impedir ou não o ensino nas escolas de uma posição tolerante quanto ao assunto.
O Arizona aprovou com facilidade uma medida para eliminar o ensino bilíngue nas escolas estaduais.
No Alabama, o legado racista parece ter se tornado passado: os eleitores do Estado aprovaram o fim dos impedimentos ao casamento inter-racial.
As estratégias de combate às drogas foram discutidas em vários Estados. Na Califórnia, a apuração indicava vitória da proposta de tratamento de drogados, em vez da punição pelo encarceramento.
Colorado e Nevada se uniram ontem a outros Estados onde o uso medicinal da maconha foi legalizado.
No Alasca, porém, foi rejeitada a mais ousada proposta sobre o tema, a legalização do consumo. Uma lei parecida foi aprovada no condado de Mendocino, no norte da Califórnia.
Uma das mais importantes decisões estava no Maine, que estudava implementar a eutanásia. A proposta acabou rejeitada, por uma pequena diferença de votos.


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