São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2000

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ÁFRICA DO SUL
Filmagem feita há 2 anos mostra policiais espancando negros
Vídeo mostra racismo sul-africano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A África do Sul reagiu com horror à exibição feita ontem de um vídeo que mostra prisioneiros negros sendo atacados por cães policiais e sendo espancados por policiais brancos, que descreveram a agressão como "um exercício de treinamento".
O vídeo foi feito em 1998 e mostra três negros sendo conduzidos a um campo próximo a uma mina de ouro no qual, por cerca de uma hora, eram atacados por quatro cães policiais enquanto gritavam e clamavam por misericórdia.
Os policiais, que espancavam as vítimas quando elas tentavam fugir dos cães, riam e se divertiam durante toda a agressão. Um policial disse para a câmera: "É um exercício de treinamento".
"Isca Viva", estampou o jornal "The Citizen", que mostrou uma foto de um cão policial atacando um jovem negro enquanto um policial chutava seu abdômen.
Jackie Selebi, chefe da polícia nacional, ordenou a prisão de seis policiais na terça-feira, após a TV estatal South African Broadcasting Corporation (SABC) ter mostrado às autoridades policiais o conteúdo do vídeo que iria transmitir na terça-feira à noite.
Selebi declarou que policiais brancos que realizaram atos racistas após o fim do apartheid seriam "banidos da força e presos".
O apartheid, regime de segregação racial da África do Sul, foi definitivamente extinto em 1994, com a eleição de Nelson Mandela para presidente
A assessoria do presidente sul-africano, Thabo Mbeki, disse que ele "assistiu ao vídeo e ficou horrorizado".
Karen Mckenzie, líder de uma ONG que defende os direitos humanos, disse que pelo menos um dos quatro cães mostrados no vídeo ainda está em atividade. O animal seria submetido a testes para verificar se estava sendo treinado para atacar somente pessoas negras.
Sally de Beer, porta-voz da polícia, disse que os policiais presos deverão comparecer hoje nos tribunais para responder às acusações de tentativa de homicídio e de agressão.
De acordo com grupos de proteção aos direitos humanos, 681 pessoas morreram sob custódia policial ou em decorrência da ação da polícia sul-africana entre abril de 1999 e março de 2000.


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