São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2010

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Calderón pede que imprensa "não entre no jogo" dos cartéis

Fala de presidente do México foi na Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, em Mérida

Líder mexicano diz que violência causada pelo crime organizado é "a pior ameaça" e promete não censurar atividade

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

O presidente do México, Felipe Calderón, pediu ontem à imprensa para que não "entre no jogo" dos cartéis de narcotráfico e evite cair nas estratégias de comunicação do crime organizado.
A declaração veio durante a 66ª assembleia geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que termina hoje em Mérida, no México.
Segundo o presidente, a violência instaurada pelos cartéis é a "pior ameaça" para a liberdade de expressão em parte do continente americano e o problema deve ser enfrentado de maneira coordenada pelos governos e pelos meios de comunicação.
Para Calderón, a imprensa e os três poderes do Estado devem trabalhar num "marco de corresponsabilidade" contra a criminalidades, que "reprime severamente a liberdade de imprensa" sobretudo no México, na América Central e na Colômbia.
"É um câncer que atenta contra todos, e os jornalistas são fator essencial", disse.
Segundo o CPJ (Comitê de Proteção aos Jornalistas), morreram 22 jornalistas no México desde 1992. Desses, 21 foram assassinados e um morreu em cobertura perigosa. Outros 30 não tiveram a causa da morte esclarecida.
Em seu discurso, Calderón também prometeu à SIP que "nunca haverá nem mordaças nem censuras à atividade jornalística" em seu país, que "não persegue ninguém por razões ideológicas e permite críticas abertas ao governo".

REAÇÕES
O governo da Bolívia reagiu ontem às críticas realizadas durante a assembleia da SIP a respeito da lei antirracismo recentemente aprovada pelo governo Evo Morales.
Anteontem, a seção boliviana da entidade disse que artigos da lei que preveem a prisão de jornalistas sem direito a apelação representam a maior ameaça à livre imprensa do país desde a redemocratização, em 1982.
Para o porta-voz da Presidência, Iván Canelas, a liberdade de expressão está garantida na Bolívia e "os membros da SIP, como no passado, quando apoiaram ditaduras, estão equivocados".
O chanceler do Equador, Ricardo Patiño, também rebateu críticas da SIP ao presidente do país, Rafael Correa, e pediu que a entidade "se coloque do outro lado" e analise a "pressão" que os meios exercem sobre o governo.
Segundo o chanceler, é "imensa, a pressão, a mentira, e a perseguição que alguns setores da imprensa exercem sobre o governo".
Entre outros pontos, a SIP criticara a atitude do governo durante a rebelião da polícia equatoriana contra o presidente, no fim de setembro, quando o governo obrigou os meios a retransmitir em cadeia nacional o canal oficial de forma ininterrupta.
Já os representantes da imprensa argentina na SIP criticaram durante a assembleia o clima de confronto e intolerância instaurado pelo governo, que, afirmam, "escolheu a mídia como inimiga".
Em carta lida no evento, o diretor do jornal "La Nación", Bartolomé Mitre, protestou contra a nova lei de mídia, implementada pela presidente Cristina Kirchner, e contra a interferência do governo na fábrica de papel-jornal Papel Prensa.


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