São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Bush ordenou que Pentágono planejasse ataques a Irã e Síria

Revelação está na autobiografia "Decision Points", que o ex-presidente lança hoje

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O ex-presidente dos EUA George W. Bush (2001-2009) ordenou ao Pentágono que planejasse ataques a Irã e Síria, segundo disse na autobiografia "Decision Points" (Momentos Decisivos, tradução livre), que lança hoje.
Os EUA dizem manter "todas as opções na mesa" sobre o Irã, que Washington acusa de buscar desenvolver uma bomba com seu programa nuclear. Teerã nega.
Mas a admissão clara de que o plano foi efetivamente elaborado mostra o quão perto o país chegou de agir durante o governo Bush.
"Orientei o Pentágono a estudar o que seria necessário a um ataque. Seria para parar a bomba-relógio, ao menos temporariamente."
Se tivesse sido realizado, o plano poderia ter desestabilizado o Oriente Médio muito além do efeito das invasões do Iraque e do Afeganistão.
Um ataque a instalações da Síria foi considerado a pedido de Israel, mas Bush concluiu que os riscos eram altos demais. Israel acabou executando o ataque em 2007.
Na autobiografia, Bush também tenta se defender de exaustivas críticas mostrando o que passou por sua cabeça em momentos polêmicos do governo, como na resposta ao furacão Katrina.
Em entrevista à rede NBC ontem, ele afirmou que "um dos momentos mais nojentos de sua Presidência" foi ter sido acusado de racismo pelo músico Kanye West por causa da demora no resgate aos sobreviventes do furacão.
A entrevista foi a primeira exclusiva após deixar o cargo. Boa parte foi tomada por reflexões sobre o 11 de Setembro. Bush negou que estivesse "em choque" quando recebeu, imóvel, a notícia do ataque. A imagem do presidente sentado numa escola infantil no momento rodou o mundo.
Também defendeu que foram necessárias duas guerras, Guantánamo, tortura de presos e escutas do governo para manter o país seguro.
Ele conta que o governo "foi inundado por ameaças" nos dias que se seguiram aos ataques, inclusive um alerta falso sobre exposição a material tóxico na Casa Branca.
Mas, para ele, o pior período do governo foi em meados de 2006, quando pensou que ia perder a guerra no Iraque.
Ao final, Bush concluiu: "Espero que [a história] me julgue como um sucesso".


Texto Anterior: Análise/EUA-Índia: EUA miram a China, mas riscos são vários
Próximo Texto: Calderón pede que imprensa "não entre no jogo" dos cartéis
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.