São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2001

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GUERRA SEM LIMITES

Segundo versão, mulá estaria em poder de um líder afegão próximo ao Taleban, mas não há confirmação

Mistério ronda paradeiro de Omar

France Presse
Combatentes anti-Taleban montam armamentos durante ofensiva perto da montanha Melawa


DA REDAÇÃO

Com a rendição anteontem de Candahar, o último reduto do Taleban no Afeganistão, chefes tribais e lideranças locais que tomaram a cidade divergem sobre o paradeiro do líder derrotado mulá Muhamad Omar e debatem a divisão de poder na sede do antigo regime extremista.
Um chefe tribal que disputa o controle de Candahar disse que Omar está desaparecido. Outro afirma que ele continua na cidade protegido por mil seguidores.
Já militares americanos dizem não saber onde estão Omar e seu aliado Osama bin Laden, o militante saudita que lidera a organização terrorista Al Qaeda e é acusado pelos EUA de estar por trás dos atentados de 11 de setembro.
A BBC e o jornal britânico "The Times" disseram ontem que Jaled Pashtún, porta-voz de uma facção afegã contrária ao Taleban, anunciou que Omar teria sido capturado e estaria detido perto de Candahar. A informação, no entanto, não foi confirmada.
Omar estaria sob proteção do mulá Naqibullah, comandante simpático ao Taleban a quem a milícia entregou o poder em Candahar. O destino do mulá deveria ser decidido ontem, segundo o porta-voz, que representa Gul Agha, ex-governador de Candahar e comandante de uma das milícias que participaram da ofensiva contra o ex-reduto do Taleban.
Os EUA e seus aliados afegãos continuam procurando Omar e Bin Laden. A região montanhosa de Tora Bora, a 55 quilômetros ao sul de Jalalabad, onde suspeita-se que Bin Laden possa estar escondido em cavernas, foi alvo de intenso bombardeio americano.
Houve também enfrentamentos entre a Al Qaeda e forças afegãs contrárias ao Taleban.
O Paquistão irá ajudar no cerco a Bin Laden reforçando a patrulha de sua fronteira com o Afeganistão. O objetivo é impedir a entrada do líder terrorista e de integrantes da Al Qaeda e do Taleban.

Candahar
As facções que tomaram Candahar decidiram realizar ontem uma reunião da "Shura", o tradicional conselho afegão, para eliminar as tensões e evitar combates pelo poder entre os quatro grupos que disputam o controle da cidade.
Hamid Karzai, líder do governo interino afegão, que assumirá o controle do país no próximo dia 22, participava da reunião. Até o fechamento desta edição, o encontro não havia terminado.
O conselho vai decidir a partilha pacífica de poderes, pondo fim a alguns enfrentamentos que estariam ocorrendo entre os grupos, como indicam informações vindas da região. O porta-voz de Gul Agha assegurou que a noite de anteontem transcorreu em calma e que não havia ocorrido conflitos entre as facções. Mas informações do serviço afegão da Rádio BBC relatam choques entre forças rivais. A BBC também diz que um grupo de combatentes árabes ainda permanece no aeroporto e reluta em depor armas.
Horas depois que os soldados do Taleban abandonaram Candahar, Karzai admitiu que havia ocorrido saques e atos de pilhagem na cidade, mas insistiu que a situação havia melhorado no final do dia. Candahar é a segunda maior cidade do Afeganistão e fica no coração do território ocupado pelas tribos pashtu, maior grupo do mosaico étnico afegão.
Após intensa pressão diplomática e seduzidos pelas promessas de milhões de dólares em ajuda internacional, rivais afegãos colocaram as hostilidades de lado na quarta-feira e concordaram em compartilhar o poder em um novo governo pós-Taleban.


Com agências internacionais



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