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ORIENTE MÉDIO
Após manifestações, político questiona poder dos clérigos no país
Parlamentar pede referendo no Irã
DA REDAÇÃO
Um parlamentar reformista do
Irã pediu ontem a convocação de
um referendo sobre o poder exercido por clérigos conservadores
não eleitos, um dia depois de uma
manifestação pró-reformas em
Teerã, a capital iraniana, ter atraído cerca de 8.000 pessoas.
A manifestação de anteontem,
na Universidade de Teerã e em
suas vizinhanças, mostrou que
iranianos comuns estão dispostos
a engrossar as passeatas pró-reformas, que, nos últimos três
anos, contavam apenas com a
participação de estudantes. Cerca
de 70% dos 65 milhões de iranianos têm menos de 30 anos.
Os manifestantes, que entraram
em choque com a polícia, pediam
a libertação de presos políticos e
gritavam "morte à ditadura", em
contraste com os antigos lemas da
Revolução Islâmica de "morte à
América" e "morte a Israel".
Cerca de 200 pessoas foram detidas no protesto de anteontem,
das quais cerca de 30 permaneciam sob custódia policial ontem,
disse Ali Taala, diretor-geral do
Departamento de Segurança e Assuntos Políticos do gabinete do
governador de Teerã.
As manifestações de anteontem
foram as maiores em duas semanas de protestos quase diários
provocados pela condenação à
morte do professor universitário
reformista Hashem Aghajari, que
questionara o fato de as escrituras
sagradas do islã só poderem ser
interpretadas pelos clérigos.
Segundo Taala, a maioria dos
manifestantes foi às ruas após
convocações em emissoras de TV
iranianas baseadas nos EUA, que
se opõem ferozmente ao poder
dos clérigos muçulmanos no Irã.
As emissoras, apesar de serem
ilegais no país, são muito populares entre iranianos, que recebem
seu sinal por antenas parabólicas
-também proibidas no Irã, mas
amplamente disponíveis.
Os protestos, antes restritos às
universidades, refletem o aumento da tensão no Irã, onde o presidente moderado Mohammad
Khatami encontra forte resistência dos conservadores para introduzir as reformas que prometeu
em sua campanha.
Centenas de estudantes realizaram passeatas pequenas e pacíficas em duas universidades de
Teerã ontem.
Referendo
O parlamentar reformista Rajabali Mazrouei pediu o referendo
em sessão do Parlamento transmitida ao vivo pela rádio estatal.
"Se vocês acreditam que o povo
os apóia", disse Mazrouei, dirigindo-se aos conservadores, "então vamos convocar um referendo e permitir que o povo determine seu próprio destino".
O pronunciamento foi aplaudido pela maioria reformista do
Parlamento, mas cerca de dez
parlamentares de linha dura deixaram o plenário. "Você é um
idiota", gritou Mohammad Mohammadi à Mazrouei.
Apesar da popularidade dos reformistas, os conservadores dominam postos para os quais não
há eleição, como os do Judiciário
e os das forças de segurança, além
do de líder supremo (acima de
Khatami), ocupado pelo aiatolá
Ali Khamenei. Com isso, impedem mudanças no país islâmico.
Analistas políticos afirmam que
as manifestações recentes da oposição, embora sejam as maiores
dos últimos tempos, ainda são
muito pequenas para abalar o poder dos conservadores.
Com agências internacionais
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