São Paulo, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002

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IRAQUE NA MIRA

Americanos devem mostrar à ONU suas "provas" de que iraquianos têm armas proibidas, diz assessor de Saddam

Bagdá desafia EUA a apresentarem "provas"

DA REDAÇÃO

O Iraque desafiou os EUA ontem a fornecerem aos inspetores da ONU as informações que afirmam possuir sobre a existência de programas de armas iraquianos.
Bagdá entregou anteontem a inspetores da ONU um dossiê sobre suas atividades relacionadas a armas químicas, biológicas e nucleares no qual, segundo autoridades iraquianas, o país afirma não possuir armas proibidas.
"Esperamos que isso satisfaça [os EUA", já que [o dossiê" é atual e preciso, como eles pediram, e abrangente e verdadeiro", disse Amir al Saadi, assessor do ditador iraquiano Saddam Hussein.
Os EUA dizem que têm "provas substanciais", incluindo algumas não divulgadas, de que o Iraque manteve e acelerou seus programas de armas de destruição em massa, em desacordo com determinações da ONU.
"Se eles tiverem algo em contrário, que apresentem, entreguem à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), entreguem à Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção da ONU). [Os inspetores" estão aqui, poderiam verificar as informações. Por que jogar esse jogo?", indagou o iraquiano.
Saadi reclamou do fato de que o governo americano, mesmo antes de ler o dossiê, ridicularizou o documento de quase 12 mil páginas como "uma lista telefônica".
"Não entendemos esse julgamento apressado", afirmou. "Uma superpotência deveria estudar e julgar com calma, especialmente porque todos estão observando enquanto ela se prepara para uma enorme campanha militar, para uma agressão contra o Iraque. Ela deveria se comportar com sabedoria", disse.
Questionado sobre o quão próximo o Iraque já esteve de fabricar uma bomba nuclear, Saadi disse: "Não chegamos à montagem final da bomba nem a testamos".
Saadi disse que o Iraque enviou a seção do dossiê sobre seu programa nuclear à sede da AIEA, em Viena, e documentos relativos à produção de armas químicas e biológicas e mísseis de longo alcance à Unmovic, em Nova York.
Ele afirmou que uma cópia do dossiê foi enviada ao Conselho de Segurança (CS) da ONU com uma carta do chanceler do Iraque, Naji Sabri, advertindo que parte do material é "sensível", já que inclui projetos para construir armas de destruição em massa.
Engenheiros nucleares, químicos, biólogos, técnicos especializados em mísseis e outros assuntos da ONU devem examinar o relatório do Iraque por semanas em busca de programas ou arsenais remanescentes de armas de destruição em massa nas entrelinhas.
"Espero que a comunidade internacional nos dê tempo para fazer um trabalho apropriado", disse Mohamed El Baradei, diretor-geral da AIEA.
Antes de distribui-lo aos 15 países do CS, os técnicos da ONU devem remover do dossiê informações sobre como produzir armas químicas, biológicas e nucleares.
As agências da ONU vão comparar as novas informações fornecidas pelo Iraque com outros relatórios iraquianos e com seus próprios bancos de dados de inspeções anteriores. "As informações fornecidas nessa declaração terão de ser verificadas, e esse ônus recairá sobre nós", disse Demetrius Perricos, chefe da equipe da Unmovic no Iraque.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia emitiu uma nota dizendo que a declaração do Iraque demonstra que Bagdá está comprometida a "agir em obediência" às exigências da ONU.
O chanceler britânico, Jack Straw, reagiu com ceticismo, afirmando que relatórios anteriores do Iraque sobre suas armas eram "pacotes de mentiras".
Sob a resolução 1441 do CS, aprovada em novembro, Bagdá tinha até ontem para apresentar um relatório "preciso, integral e completo" de seus programas de armas. Os inspetores continuaram seu trabalho ontem, visitando uma companhia mineradora em Bagdá e uma fábrica de pesticidas perto da capital iraquiana.
O Kuait rejeitou um pedido de desculpas de Saddam pela invasão do país em 1990, dizendo que era um pretexto para incitar a violência contra militares americanos treinando em solo kuaitiano.


Com agências internacionais


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