São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Militantes pedem expurgo de corruptos

ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
REPÓRTER-FOTOGRÁFICA

Três dias depois do referendo que derrotou a proposta de reforma constitucional do presidente Hugo Chávez, os "compatriotas", como se cumprimentam os apoiadores da chamada "Revolução Bolivariana", lambem as feridas.
A Folha compareceu a duas reuniões de militantes. Uma no bairro de El Valle, um dos mais pobres de Caracas, que reuniu 26 ativistas, e outra, com 58 militantes, em um Círculo Bolivariano no centro da cidade. Nas duas, a dinâmica foi abrir a palavra a todos os membros. Muitos choraram. Abaixo, trechos das falas:
"Nosso comandante Hugo Chávez está triste. Temos que fazer o presidente voltar a rir. Ele nos ajudou muito."
"Isso é capitalismo, senhores. Para eles, somos merda. Para eles, não temos capacidade de gerir os recursos que são para nós mesmos."
"Há sabotadores entre nós. Como é possível que a aposentadoria dos idosos tenha sido atrasada por dois meses e paga no dia seguinte ao do referendo, quando já estávamos derrotados?"
"Essa é gente que gosta de viver da revolução, mas que nunca morreria por ela. É a nova burguesia vermelha. Chavistas da boca para fora."
"Fomos traídos pela insegurança, pela apatia, pelo triunfalismo e pelo desabastecimento."
"Temos que depurar. Está na hora da limpeza. Há ministros corruptos que não têm nem o pudor de esconder os recursos que ganharam da revolução."
"Somos chavistas, mas não nos satisfaz a forma como os funcionários do chavismo tratam o povo."
"Como convencer ao povo de que é preciso dar mais poder ao povo, se os representantes do povo roubam tanto?"
"Chávez é nosso líder, mas não é Deus. Aqui o único que governa é o líder. O governo não governa."

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