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Militantes pedem expurgo de corruptos
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
REPÓRTER-FOTOGRÁFICA
Três dias depois do referendo que derrotou a proposta de reforma constitucional do presidente Hugo
Chávez, os "compatriotas", como se cumprimentam os apoiadores da chamada "Revolução Bolivariana", lambem as feridas.
A Folha compareceu a
duas reuniões de militantes. Uma no bairro de El
Valle, um dos mais pobres
de Caracas, que reuniu 26
ativistas, e outra, com 58
militantes, em um Círculo
Bolivariano no centro da
cidade. Nas duas, a dinâmica foi abrir a palavra a
todos os membros. Muitos
choraram. Abaixo, trechos
das falas:
"Nosso comandante
Hugo Chávez está triste.
Temos que fazer o presidente voltar a rir. Ele nos
ajudou muito."
"Isso é capitalismo, senhores. Para eles, somos
merda. Para eles, não temos capacidade de gerir
os recursos que são para
nós mesmos."
"Há sabotadores entre
nós. Como é possível que a
aposentadoria dos idosos
tenha sido atrasada por
dois meses e paga no dia
seguinte ao do referendo,
quando já estávamos derrotados?"
"Essa é gente que gosta
de viver da revolução, mas
que nunca morreria por
ela. É a nova burguesia
vermelha. Chavistas da
boca para fora."
"Fomos traídos pela insegurança, pela apatia, pelo triunfalismo e pelo desabastecimento."
"Temos que depurar.
Está na hora da limpeza.
Há ministros corruptos
que não têm nem o pudor
de esconder os recursos
que ganharam da revolução."
"Somos chavistas, mas
não nos satisfaz a forma
como os funcionários do
chavismo tratam o povo."
"Como convencer ao
povo de que é preciso dar
mais poder ao povo, se os
representantes do povo
roubam tanto?"
"Chávez é nosso líder,
mas não é Deus. Aqui o
único que governa é o líder. O governo não governa."
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