São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Presidente eleita nunca se associou ao feminismo e é contra legalizar aborto

DE BUENOS AIRES

Os analistas consultados pela Folha coincidem que Cristina não deu sinais de que dará ênfase às políticas de igualdade de gênero em seu governo. "Cristina não manifestou nunca o tema do feminismo, não fez disso uma bandeira política", diz Orlando D'Adamo, da Universidade Belgrano.
"Eu duvido que ela o faça, nunca senti que essa fosse uma de suas prioridades, mas tomara que ela se cerque de assessores que pensem diferente", completa Beatriz Kohen, da Associação de Direitos Civis, que lembra que Cristina se opõe à legalização do aborto.
Beatriz Sarlo diz que a importância simbólica da eleição de Cristina só poderá ser medida no futuro, mas ressalta: "O que me parece importante é a demonstração de que na Argentina e em outros países da América Latina, como o Chile, os cidadãos estão em condições de votar sem maiores preconceitos em uma mulher".
Nas eleições, Cristina e Elisa Carrió, a segunda colocada, somaram quase 70% dos votos. O homem mais votado, Roberto Lavagna, teve somente 16%.

Isabelita
Cristina Fernández de Kirchner fez carreira própria na política. Não foi o caso da única mulher que comandou a Argentina antes dela, Maria Estela Martínez de Perón, a Isabelita. Dançarina de cabaré, Isabelita casou-se com Juan Domingo Perón , a quem conheceu no Panamá, depois que esse enviuvou de Eva Perón.
Quando o ex-presidente argentino retornou do exílio à política, Isabelita foi escolhida para ser vice em uma chapa Perón-Perón. Com a morte dele, em 1974, tornou-se a primeira mulher a presidir um país latino-americano.
Não teve muito sucesso. Entregou os destinos do país a seu polêmico ministro do Bem-Estar Social, José López Rega, conhecido como O Bruxo. López Rega organizou do governo a organização paramilitar Triple A, que combatia militantes esquerdistas.
O curto governo de Isabelita foi marcado também por uma grande crise econômica, com inflação galopante e o início do grande endividamento externo do país. Em 1976, Isabelita foi derrubada por um golpe militar comandado por Jorge Rafael Videla, a quem ela mesmo havia nomeado comandante do Exército. (RR)

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