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Presidente eleita nunca se associou ao feminismo e é contra legalizar aborto
DE BUENOS AIRES
Os analistas consultados pela
Folha coincidem que Cristina
não deu sinais de que dará ênfase às políticas de igualdade de
gênero em seu governo. "Cristina não manifestou nunca o
tema do feminismo, não fez
disso uma bandeira política",
diz Orlando D'Adamo, da Universidade Belgrano.
"Eu duvido que ela o faça,
nunca senti que essa fosse uma
de suas prioridades, mas tomara que ela se cerque de assessores que pensem diferente",
completa Beatriz Kohen, da
Associação de Direitos Civis,
que lembra que Cristina se
opõe à legalização do aborto.
Beatriz Sarlo diz que a importância simbólica da eleição
de Cristina só poderá ser medida no futuro, mas ressalta: "O
que me parece importante é a
demonstração de que na Argentina e em outros países da
América Latina, como o Chile,
os cidadãos estão em condições
de votar sem maiores preconceitos em uma mulher".
Nas eleições, Cristina e Elisa
Carrió, a segunda colocada, somaram quase 70% dos votos. O
homem mais votado, Roberto
Lavagna, teve somente 16%.
Isabelita
Cristina Fernández de
Kirchner fez carreira própria
na política. Não foi o caso da
única mulher que comandou a
Argentina antes dela, Maria Estela Martínez de Perón, a Isabelita. Dançarina de cabaré,
Isabelita casou-se com Juan
Domingo Perón , a quem conheceu no Panamá, depois que
esse enviuvou de Eva Perón.
Quando o ex-presidente argentino retornou do exílio à política, Isabelita foi escolhida para ser vice em uma chapa Perón-Perón. Com a morte dele,
em 1974, tornou-se a primeira
mulher a presidir um país latino-americano.
Não teve muito sucesso. Entregou os destinos do país a seu
polêmico ministro do Bem-Estar Social, José López Rega, conhecido como O Bruxo. López
Rega organizou do governo a
organização paramilitar Triple
A, que combatia militantes esquerdistas.
O curto governo de Isabelita
foi marcado também por uma
grande crise econômica, com
inflação galopante e o início do
grande endividamento externo
do país. Em 1976, Isabelita foi
derrubada por um golpe militar
comandado por Jorge Rafael
Videla, a quem ela mesmo havia nomeado comandante do
Exército. (RR)
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