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Chávez larga com apoio de só 25% a reeleição indefinida
Presidente mantém alta popularidade, mas maioria é contra mudança constitucional
Presidente anunciou na semana passada campanha pela realização de um novo referendo para permitir a sua manutenção no cargo
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Mesmo com a popularidade
alta, o presidente venezuelano,
Hugo Chávez, começa a segunda campanha para aprovar a
reeleição indefinida com o
apoio de apenas um quarto dos
eleitores, revela uma pesquisa
do respeitado instituto Datanálisis divulgada ontem.
De acordo com o levantamento, apenas 25,5% dos eleitores apóiam mudar a Constituição para que Chávez possa
se reeleger presidente indefinidamente, enquanto 56% se dizem contrários à proposta -o
restante não opinou. No mesmo levantamento, o presidente
venezuelano aparece com 57%
de aprovação.
Apesar de divulgada ontem, a
pesquisa foi realizada em 7 de
novembro, antes das eleições
regionais na qual o chavismo
foi derrotado em Estados importantes e quando Chávez
ainda não havia relançado oficialmente a campanha pela
mudança na Constituição.
"Mesmo antiga, a pesquisa
mostra que Chávez começa esta campanha em desvantagem", disse ontem à Folha Luis
Vicente León, diretor do Datanálisis. "A maioria dos venezuelanos gosta de Chávez, mas
não o quer para sempre."
León, no entanto, ressaltou
que Chávez já reverteu as pesquisas de opinião uma vez em
2004, quando acabou vitorioso
no referendo convocado pela
oposição para revogar o seu
mandato presidencial.
Chávez, que no início do ano
que vem completa dez anos no
cargo e tem mandato até 2013,
anunciou a intenção de um novo referendo sobre a reeleição
indefinida na semana passada,
uma semana depois das eleições regionais e um ano após a
derrota nas urnas de sua reforma constitucional, que incluía
o fim de limite para mandatos
presidenciais.
O relançamento da proposta
ocorre num momento em que a
oposição volta a ganhar espaço,
com a vitória em quase todos
os maiores colégios eleitorais
do país, embora o chavismo tenha ficado com a maioria dos
Estados e dos municípios.
Para vários analistas, inclusive León, Chávez quer fazer o
referendo o mais rápido possível (sua idéia é realizá-lo em fevereiro) por temer os efeitos da
crise econômica global. Desde
julho, o preço do petróleo,
principal fonte de renda do governo, caiu mais de 70%.
Sem petrodólares, aumentará a pressão para tomar medidas impopulares, como a desvalorização do bolívar, cujo
câmbio está congelado desde
2005, o que aumentará ainda
mais a pressão inflacionária, já
pouco acima dos 30% anuais.
Um porta-voz do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), no
entanto, disse ontem que o referendo só poderá ser realizado
a partir de 15 de março.
Em entrevista ao jornal "El
Universal", ele explicou que,
por causa das eleições regionais de 23 de novembro, as urnas eletrônicas não podem ser
alteradas por 45 dias, período
legal para a solicitação de impugnação de resultados. Além
disso, são necessários outros
30 dias para a manutenção e a
preparação dos equipamentos
para o novo pleito.
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