São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2008

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Chávez larga com apoio de só 25% a reeleição indefinida

Presidente mantém alta popularidade, mas maioria é contra mudança constitucional

Presidente anunciou na semana passada campanha pela realização de um novo referendo para permitir a sua manutenção no cargo

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Mesmo com a popularidade alta, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, começa a segunda campanha para aprovar a reeleição indefinida com o apoio de apenas um quarto dos eleitores, revela uma pesquisa do respeitado instituto Datanálisis divulgada ontem.
De acordo com o levantamento, apenas 25,5% dos eleitores apóiam mudar a Constituição para que Chávez possa se reeleger presidente indefinidamente, enquanto 56% se dizem contrários à proposta -o restante não opinou. No mesmo levantamento, o presidente venezuelano aparece com 57% de aprovação.
Apesar de divulgada ontem, a pesquisa foi realizada em 7 de novembro, antes das eleições regionais na qual o chavismo foi derrotado em Estados importantes e quando Chávez ainda não havia relançado oficialmente a campanha pela mudança na Constituição.
"Mesmo antiga, a pesquisa mostra que Chávez começa esta campanha em desvantagem", disse ontem à Folha Luis Vicente León, diretor do Datanálisis. "A maioria dos venezuelanos gosta de Chávez, mas não o quer para sempre."
León, no entanto, ressaltou que Chávez já reverteu as pesquisas de opinião uma vez em 2004, quando acabou vitorioso no referendo convocado pela oposição para revogar o seu mandato presidencial.
Chávez, que no início do ano que vem completa dez anos no cargo e tem mandato até 2013, anunciou a intenção de um novo referendo sobre a reeleição indefinida na semana passada, uma semana depois das eleições regionais e um ano após a derrota nas urnas de sua reforma constitucional, que incluía o fim de limite para mandatos presidenciais.
O relançamento da proposta ocorre num momento em que a oposição volta a ganhar espaço, com a vitória em quase todos os maiores colégios eleitorais do país, embora o chavismo tenha ficado com a maioria dos Estados e dos municípios.
Para vários analistas, inclusive León, Chávez quer fazer o referendo o mais rápido possível (sua idéia é realizá-lo em fevereiro) por temer os efeitos da crise econômica global. Desde julho, o preço do petróleo, principal fonte de renda do governo, caiu mais de 70%.
Sem petrodólares, aumentará a pressão para tomar medidas impopulares, como a desvalorização do bolívar, cujo câmbio está congelado desde 2005, o que aumentará ainda mais a pressão inflacionária, já pouco acima dos 30% anuais.
Um porta-voz do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), no entanto, disse ontem que o referendo só poderá ser realizado a partir de 15 de março.
Em entrevista ao jornal "El Universal", ele explicou que, por causa das eleições regionais de 23 de novembro, as urnas eletrônicas não podem ser alteradas por 45 dias, período legal para a solicitação de impugnação de resultados. Além disso, são necessários outros 30 dias para a manutenção e a preparação dos equipamentos para o novo pleito.


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