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Quito quer aval de tribunal para parar de pagar BNDES já
Parcela ligada à usina da Odebrecht vence dia 29
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documentos oficiais do
Equador obtidos pela Folha indicam que o governo de Rafael
Correa solicitou à arbitragem
internacional a suspensão dos
pagamentos devidos ao
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) por supostas irregularidades no uso do CCR (Convênio de Créditos Recíprocos)
-mecanismo em que bancos
centrais assumem garantias de
financiamentos e comércio na
América do Sul.
Segundo indica a documentação, o Equador pediu à arbitragem que "ordene medidas
cautelares e proíba de imediato
a apresentação ao Banco Central do Brasil das notas promissórias, com especial urgência
daquelas que vencem em 29 de
dezembro de 2008".
A controvérsia entre Brasil e
Equador chegou ao ápice há
duas semanas, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
convocou o embaixador brasileiro em Quito, Antonino Marques Porto, para consultas.
Foi a resposta diplomática
aos questionamentos de Correa sobre o financiamento do
BNDES ao Equador para a
construção, pela brasileira
Odebrecht, de uma hidrelétrica
que apresentou problemas no
primeiro ano de atividade.
Na avaliação de Quito, a Odebrecht incluiu no contrato de
financiamento valores que não
são cobertos pelo acordo nem
garantidos pelo CCR, como a
compra de equipamentos no
exterior e gastos locais.
Os equatorianos dizem ainda
que a Odebrecht contabilizou
produtos importados de terceiros como tendo sido comprados no Brasil. O CCR garante
apenas a importação de produtos de países integrantes do
convênio.
"Ajustes"
O pedido feito à Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional em Paris por
Quito também questiona a capitalização dos juros em todas
as notas promissórias que ainda faltam ser pagas. O contrato
prevê financiamento de US$
241,5 milhões em 14 anos.
O pagamento deve ser feito
em 41 notas promissórias semestrais, 21 relativas ao principal da dívida e as 20 restantes
de juros. Ou seja, a cada seis
meses o contrato prevê uma cobrança de juros sobre os juros.
Os equatorianos dizem que isso
contraria a legislação nacional.
Procurada, a assessoria da
Odebrecht não respondeu às ligações da reportagem.
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