São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2010

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FOCO

China cria seu próprio prêmio da paz, em resposta a Nobel dado a dissidente

Berit Roald/Associated Press
O ativista Yang Jianli, que vai representar Liu Xiaobo na entrega do Nobel da Paz em Oslo, onde receberá o prêmio

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A China entrega hoje o primeiro Prêmio Confúcio da Paz, um dia antes da cerimônia que concederá oficialmente o Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo, em Oslo (Noruega).
O prêmio, criado aparentemente para lutar contra a escolha do comitê do Nobel, será entregue ao ex-vice-presidente taiwanês, Lien Chan, escolhido por ter construído uma ponte entre Taiwan e a China, "trazendo felicidade e sorte" aos dois países.
O Confúcio da Paz -que vem com uma gratificação de US$ 15 mil- será entregue em Pequim.
Segundo organizadores, o prêmio irá "promover a filosofia do velho sábio".
"A Europa está cheia de pequenos países que lutaram entre si por séculos", disse Tan Changliu, presidente da comissão de entrega do prêmio. "Nós não queremos que pessoas que não entendem de paz arruínem o conceito."
O comitê não divulgou os critérios para a escolha do vencedor, mas anunciou que os indicados incluíam o presidente palestino, Mahmoud Abbas, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, Bill Gates, fundador da Microsoft, e Qiao Damo, poeta chinês.
A equipe de Lien afirmou ter sido surpreendida pela notícia. "Nós não sabemos nada sobre esse prêmio", disse Ting Yuan Chao, diretor do escritório de Lien, em Taipei.

AFRONTA
A indicação de Liu Xiaobo para o Nobel da Paz , em outubro, irritou a China. O governo vê o dissidente, que está preso, como um perigoso subversivo.
Anteontem, o porta-voz da Chancelaria chinesa, Jiang Yu, chamou os países que irão participar da cerimônia de "palhaços". Ele afirmou que mais de cem governos e organizações se juntaram à China no boicote ao Nobel.
Até ontem, 19 países haviam recusado o convite para a cerimônia de amanhã. Apesar de ter a China como principal parceiro comercial, o Brasil confirmou sua presença, junto a outros 43 países.
Depois da indicação de Liu, a mulher do dissidente e vários dos seus colaboradores foram detidos, e outros foram impedidos de sair da China.
A mulher de Liu indicou o ativista Yang Jianli para receber em seu nome a medalha do Nobel e o cheque de US$ 1,5 milhão.
Liu Xiaobo, 54, foi condenado a 11 anos por ter liderado um documento que defendia reformas democráticas e o fim do monopólio político do Partido Comunista, publicado em dezembro de 2008.


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