São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2010

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Incêndio mata 81 em penitenciária do Chile

Tragédia começou com enfrentamento de facções em cadeia superlotada de Santiago

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

Um incêndio numa prisão superlotada de Santiago, no Chile, deixou 81 detentos mortos e outros 21 feridos, a maioria em estado grave.
A pior tragédia do sistema prisional do país, conforme o próprio governo, começou na madrugada de ontem num briga de gangues da Penitenciária de San Miguel.
Segundo relatos de sobreviventes, o fogo começou quando um dos presos utilizou um lança-chamas artesanal para queimar roupas e colchões da facção rival.
Os bombeiros e as equipes de resgate chegaram ao local em minutos, segundo o governo, mas tiveram dificuldades para controlar o incêndio, que tomou rapidamente celas onde ficavam 147 detentos. A penitenciária tem capacidade para 1.100 presos, mas abrigava 1.960.
A demora na identificação das vítimas e a falta de informações provocou revolta de familiares, que protestaram em frente ao presídio e enfrentaram a polícia com pedras e pedaços de madeira.
Até o fechamento desta edição, 31 corpos haviam sido identificados por meio das impressões digitais. Os detentos mortos tinham entre 20 e 39 anos, e a maioria cumpria pena por roubo.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, que qualificou o incêndio como uma "tremenda e dolorosa tragédia", admitiu que o sistema carcerário chileno é "absolutamente desumano" e disse que buscará "todos os responsáveis" para apurar se houve negligência ou erros por parte dos agentes.
O ministro da Justiça, Felipe Bulnes, reconheceu a superlotação da penitenciária como uma das causas da tragédia, mas afirmou que o problema se arrasta por décadas e que não é possível resolvê-lo em "nove meses nem em quatro anos", referindo-se ao atual governo, que tomou posse em março.
Piñera assumiu o compromisso de aumentar o número de penitenciárias e de melhorar as condições, mas deixou claro que não pretende reduzir a população carcerária, para "garantir a segurança dos cidadãos".
Segundo relatório do Ministério Público chileno divulgado após investigação de outro incêndio, que matou dez presos em 2009, a população carcerária do país cresceu 40% desde 2003.
O mesmo estudo apontou que todas as grandes prisões chilenas têm capacidade para apenas metade dos detentos que abrigam.
O documento também afirma que a superlotação contribui para as brigas entre facções de presos, que resultam em mais de 30 mortes por ano, e que os agentes penitenciários enfrentam dificuldades como baixos salários e falta de equipamentos de segurança.


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