São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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CRISE DIPLOMÁTICA

Assessora de Bush critica amizade com Fidel e insinua supostas ligações com a guerrilha colombiana

"Chávez não tem papel construtivo", diz Rice

DA REDAÇÃO

A crise diplomática dos últimos dias envolvendo EUA e Venezuela chegou ontem ao alto escalão do governo do presidente George W. Bush após duras declarações de sua assessora de Segurança, Condoleezza Rice. Em entrevista, ela disse que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, não vem tendo um "papel construtivo" na região ao apoiar o regime comunista cubano e criar problemas bilaterais com a Colômbia.
O chanceler venezuelano, Roy Chaderton Matos, em sua resposta, sugeriu que Rice "procurasse informações confiáveis sobre a desestabilização e derrubada de regimes democráticos na América Latina durante o século 20".
"Há papéis que a Venezuela tem desempenhado que não ajudam muito e temos falado com eles sobre isso", disse Rice, ao ser questionada sobre a amizade de Chávez com o ditador Fidel Castro.
"Não posso entender por que alguém que crê na democracia, ou deseja que as pessoas acreditem nisso, queira ter algo com Fidel Castro, cujo regime é o único antidemocrático da região", disse.
"Acredito que os colombianos em particular tiveram algumas preocupações sobre atividades nas quais a Venezuela pode ter tido envolvimento", disse Rice, aludindo à suposta presença de membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território venezuelano.
As declarações ocorrem às vésperas da Cúpula das Américas, que será realizada em Monterrey, no México, na semana que vem. Chávez e Bush já confirmaram presença.
Roger Noriega, chefe da diplomacia americana para a América Latina, já havia criticado a proximidade entre Chávez e Castro. Rice pediu que Chávez não perturbe o processo de convocação de um referendo para abreviar seu mandato, que vai até 2007. O Conselho Nacional Eleitoral começou ontem a verificar as atas do abaixo-assinado que pede o referendo, conduzido pela oposição. Já a contagem das firmas começará na terça e levará um mês.
Na resposta, o chanceler Matos diz que Rice "manteve silêncio" sobre os "golpistas que dissolveram todas as instituições legítimas e democráticas [depois da tentativa de derrubada de Chávez em 2002]". "Vários governantes de regimes autoritários foram visitados ou recebidos pela conselheira. Gostaríamos de saber se considera isso como demonstração de sua crença em processos democráticos", afirmou Matos.


Com agências internacionais


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