São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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TERRORISMO

Gaddafi busca reatar relações com a França

Líbia paga US$ 170 mi às famílias de vítimas de atentado a avião

DA REDAÇÃO

Em novo gesto destinado a normalizar suas relações com o Ocidente, o governo da Líbia concordou ontem, em Paris, em indenizar com US$ 1 milhão os familiares de cada um dos 170 passageiros do vôo da companhia francesa UTA, derrubado pela explosão de uma bomba quando sobrevoava a Nigéria, em 1989.
O regime do ditador líbio, Muammar Gaddafi, negou durante anos ter qualquer envolvimento no atentado. Há cinco anos, um tribunal francês concluiu o julgamento à revelia de oito líbios que produziram e colocaram a bomba no avião. Entre eles estava um cunhado do ditador.
Aos US$ 170 milhões que a Líbia agora pagará em indenizações somam-se os US$ 2,7 bilhões que ela já se comprometeu a dividir entre os familiares dos 270 passageiros que morreram, em 1988, no vôo da Pan Am que caiu sobre a localidade escocesa de Lockerbie.
O DC-10 da UTA transportava passageiros de 17 nacionalidades. Os 54 franceses formavam o grupo mais numeroso, seguidos de 50 congoleses, 38 chadianos, 11 italianos e sete norte-americanos.
Submetida há vários anos a sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU devido a seu envolvimento com o terrorismo, a Líbia tem manobrado para romper seu isolamento. Em 1999, extraditou os autores do atentado da Pan Am e, em agosto passado, fechou acordo com os familiares daquele grupo de vítimas.
No mês seguinte, a ONU suspendeu as medidas contra o regime líbio. A França, entretanto, ameaçou usar seu poder de veto no CS, o que inviabilizaria o fim das sanções econômicas, caso familiares dos passageiros da UTA não recebessem o mesmo tratamento destinado aos passageiros da Pan Am.
Gaddafi concordou e designou um de seus filhos como emissário para as negociações, em Paris.
Em dezembro, o ditador, em novo gesto, prometeu desmontar seu programa de armas de destruição em massa, aceitando que inspetores da ONU visitassem suas instalações nucleares.
O chanceler líbio, Abdel Shalgham, foi recebido ontem por Dominique de Villepin, chefe da diplomacia francesa, para quem "um novo passo" foi dado para normalizar as relações bilaterais.


Com agências internacionais


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