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MISSÃO NO CARIBE
O general-de-divisão José Elito Carvalho Siqueira será o indicado pelo governo brasileiro para assumir a missão
Brasil continua no comando no Haiti, diz ONU
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Após reunião do Conselho de
Segurança ontem, o subsecretário-geral para Operações de Paz
das Nações Unidas, Jean-Marie
Guéhenno, confirmou que o Brasil continuará no comando militar da Missão de Estabilização da
ONU no Haiti (Minustah) após a
morte do general Urano Bacellar,
58, mas não quis comentar detalhes da investigação que apura a
hipótese de suicídio.
"Já estamos trabalhando com o
Brasil para identificar os nomes
de possíveis candidatos para suceder ao general Bacellar, mas podemos assegurar que a situação
está sob controle e que a missão
está trabalhando duro para as
eleições que devem ocorrer no
próximo dia 7", disse Guéhenno.
A posição foi reiterada pelo
atual presidente do CS, Augustine
Mahiga (Tanzânia). Segundo ele,
não há motivo para presumir o
contrário, especialmente porque
o Brasil tem o maior contingente.
Bacellar substituiu outro general
brasileiro, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, em agosto de 2004.
O general-de-divisão José Elito
Carvalho Siqueira, que atualmente chefia a Sexta Região Militar
(Bahia e Sergipe), será o nome indicado pelo governo brasileiro
para substituir Bacellar.
O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque,
pretende viajar para o Haiti no
próximo sábado e de lá ir à ONU,
em Nova York, para discutir o papel do Exército brasileiro nas operações no Haiti e falar sobre o general Siqueira.
Após a indicação oficial do Brasil do novo comandante da Minustah no Haiti, o general será sabatinado na sede da ONU em Nova York. Se for aprovado, seu nome será homologado pelo Departamento de Operações de Paz, ligado ao Conselho de Segurança.
A escolha de Siqueira foi feita
pelo Comando do Exército e comunicada ao núcleo de coordenação de paz do Haiti (EUA, França,
Canadá, Chile e Argentina, além
do Brasil) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim,
durante uma "conference call",
no meio da tarde de ontem, com
representantes desses países.
Nessa reunião, a decisão de
manter o Brasil no comando das
operações foi unânime, segundo
informação do Itamaraty. Amorim aproveitou para obter uma
espécie de compromisso dos demais países de que haverá "ajuda
material" -ou seja, mais dinheiro- para que o Haiti possa cumprir seu cronograma eleitoral. Este prevê eleições em 7 de fevereiro
próximo, segundo turno em 19 de
março e posse dez dias depois.
Impacto político
Na reunião de ontem no CS, a situação no Haiti e a possibilidade
de suicídio do brasileiro foram
discutidas. "Registramos nossas
condolências, mas pretendemos
avaliar em breve o impacto político para a missão. Por enquanto, a
indicação que temos aponta para
o suicídio e a falta de ligação da
morte com as operações da missão no local", disse Mahiga.
Segundo Guéhenno, são "especulações" e "teorias selvagens" os
rumores sobre possíveis desentendimentos entre Bacellar e a
equipe política da ONU no Haiti.
O subsecretário-geral também
rechaçou críticas de que a missão
estava perdendo controle diante
de uma recente escalada da violência na capital, Porto Príncipe.
"A missão fez muito progresso e
transformou o sonho de uma eleição em realidade. E ficaremos lá
depois dela para garantir que os
perdedores não sejam esmagados", disse.
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