São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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MISSÃO NO CARIBE

O general-de-divisão José Elito Carvalho Siqueira será o indicado pelo governo brasileiro para assumir a missão

Brasil continua no comando no Haiti, diz ONU

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Após reunião do Conselho de Segurança ontem, o subsecretário-geral para Operações de Paz das Nações Unidas, Jean-Marie Guéhenno, confirmou que o Brasil continuará no comando militar da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah) após a morte do general Urano Bacellar, 58, mas não quis comentar detalhes da investigação que apura a hipótese de suicídio.
"Já estamos trabalhando com o Brasil para identificar os nomes de possíveis candidatos para suceder ao general Bacellar, mas podemos assegurar que a situação está sob controle e que a missão está trabalhando duro para as eleições que devem ocorrer no próximo dia 7", disse Guéhenno.
A posição foi reiterada pelo atual presidente do CS, Augustine Mahiga (Tanzânia). Segundo ele, não há motivo para presumir o contrário, especialmente porque o Brasil tem o maior contingente. Bacellar substituiu outro general brasileiro, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, em agosto de 2004.
O general-de-divisão José Elito Carvalho Siqueira, que atualmente chefia a Sexta Região Militar (Bahia e Sergipe), será o nome indicado pelo governo brasileiro para substituir Bacellar.
O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, pretende viajar para o Haiti no próximo sábado e de lá ir à ONU, em Nova York, para discutir o papel do Exército brasileiro nas operações no Haiti e falar sobre o general Siqueira.
Após a indicação oficial do Brasil do novo comandante da Minustah no Haiti, o general será sabatinado na sede da ONU em Nova York. Se for aprovado, seu nome será homologado pelo Departamento de Operações de Paz, ligado ao Conselho de Segurança.
A escolha de Siqueira foi feita pelo Comando do Exército e comunicada ao núcleo de coordenação de paz do Haiti (EUA, França, Canadá, Chile e Argentina, além do Brasil) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante uma "conference call", no meio da tarde de ontem, com representantes desses países.
Nessa reunião, a decisão de manter o Brasil no comando das operações foi unânime, segundo informação do Itamaraty. Amorim aproveitou para obter uma espécie de compromisso dos demais países de que haverá "ajuda material" -ou seja, mais dinheiro- para que o Haiti possa cumprir seu cronograma eleitoral. Este prevê eleições em 7 de fevereiro próximo, segundo turno em 19 de março e posse dez dias depois.

Impacto político
Na reunião de ontem no CS, a situação no Haiti e a possibilidade de suicídio do brasileiro foram discutidas. "Registramos nossas condolências, mas pretendemos avaliar em breve o impacto político para a missão. Por enquanto, a indicação que temos aponta para o suicídio e a falta de ligação da morte com as operações da missão no local", disse Mahiga.
Segundo Guéhenno, são "especulações" e "teorias selvagens" os rumores sobre possíveis desentendimentos entre Bacellar e a equipe política da ONU no Haiti.
O subsecretário-geral também rechaçou críticas de que a missão estava perdendo controle diante de uma recente escalada da violência na capital, Porto Príncipe.
"A missão fez muito progresso e transformou o sonho de uma eleição em realidade. E ficaremos lá depois dela para garantir que os perdedores não sejam esmagados", disse.


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