DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A divulgação ontem à tarde, pelo Itamaraty, do nome do general Elito Carvalho Siqueira como o indicado do país para a vaga deixada pelo general Urano Bacellar provocou um clima de mal-estar entre o Exército e o Ministério da Defesa, de um lado, e o Ministério das Relações Exteriores, de outro, segundo apurou a Folha.
A idéia dos militares era que o nome do general somente fosse divulgado à imprensa hoje à tarde, depois de reunião ainda prevista do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, com o comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque. Depois do encontro de hoje, o nome seria levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, a seguir, ao Itamaraty.
Como uma forma de responder à antecipação dos diplomatas, o Exército e o Ministério da Defesa passaram a dizer oficialmente que não tinham conhecimento da indicação do general Carvalho Siqueira.
Amanhã, na Base Aérea de Brasília, está prevista uma cerimônia em homenagem a Bacellar, cujo corpo, a seguir, segue para ser enterrado no Rio de Janeiro.

Perfil
O indicado pelo governo brasileiro para ser o novo comandante militar da missão de paz da ONU no Haiti, general-de-divisão José Elito Carvalho Siqueira, 59, foi o primeiro aluno do Colégio Militar de Salvador a assumir, no final de 2004, o comando da 6ª Região Militar do Exército, com sede na capital baiana.
Fluente em inglês e francês, Carvalho Siqueira já atuou na Embaixada do Brasil na África do Sul e participou de um curso de Estado-Maior no Reino Unido.
Formado na turma de 1965 da Escola Preparatória de Cadetes do Exército e conhecido no meio militar por seu perfil linha-dura e por ser meticuloso, o general ocupou a chefia da segurança da Presidência da República no primeiro mandato do presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002).
Pára-quedista natural de Aracaju, em Sergipe, Carvalho Siqueira comandou a 16ª Brigada de Infantaria de Selva, em Tefé, no interior amazonense. (EDUARDO SCOLESE E PEDRO DIAS LEITE)

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