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entrevista
Chavista vê risco autoritário
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
Tradicional simpatizante do governo de Hugo
Chávez, o sociólogo venezuelano Edgardo Lander
tem criticado recentemente as mudanças anunciadas para o novo mandato e reconhece que há riscos de um maior autoritarismo. Leia, a seguir, a entrevista concedida à Folha
ontem, por telefone.
FOLHA - O que muda no novo
mandato Chávez?
EDGARDO LANDER - Muitas
coisas mudarão. Chávez
tem falado há bastante
tempo do socialismo como
o futuro da Venezuela. Até
agora, a idéia de socialismo do século 21 tem sido
um enunciado sem conteúdo. E Chávez vem
anunciando que, depois
das eleições, começaria
uma nova etapa, de construção de um socialismo
alternativo. Já é possível
identificar algumas coisas.
Uma delas é o fortalecimento do capitalismo de
Estado, com o anúncio das
nacionalizações.
Mas há vários temas em
aberto. Um deles é saber
como tudo será abordado.
Há uma tensão entre uma
dinâmica de organização e
mobilização popular muito diversa, que tem sido
um dos fatores mais importantes da Venezuela
nos últimos anos, e uma
impaciência vinda de cima
para colocar ordem em tudo isso e dar um padrão
comum.
É uma situação complicada e que pode empobrecer a riqueza que está
ocorrendo caso se decida
por um padrão único de
participação.
FOLHA - Há o risco de um governo Chávez autocrático ou
até ditatorial?
LANDER - As experiências
dos chamados populismos
têm sido de lideranças
muito fortes, com capacidade de incidir de forma
muito significativa nos setores populares.
Isso quer dizer que há
sempre um risco de que
essas formas de liderança
se autonomizem. O momento atual da Venezuela
é extraordinariamente
importante para esse processo porque a forma pela
qual se está reagindo a esses anúncios é uma espécie de resistência a essa situação.
Se o que está sendo colocado como propostas de
Chávez for assumido por
setores políticos como decisões já tomadas, creio
que seria arriscado no sentido em que você aponta.
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