São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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Ofensiva mata 50 insurgentes em Bagdá

Bush anuncia hoje nova estratégia, que deve incluir envio de mais tropas; democrata quer bloquear iniciativa

DA REDAÇÃO

Na véspera do anúncio da nova estratégia dos Estados Unidos para o Iraque, intensos combates foram travados ontem pelo quarto dia consecutivo no centro de Bagdá entre forças americanas e iraquianas e insurgentes árabes sunitas. Segundo o Exército iraquiano, 50 insurgentes foram mortos.
No pronunciamento que fará hoje à noite, Bush deve anunciar o envio de cerca de 20 mil soldados adicionais ao Iraque, medida que sofre resistência tanto da oposição democrata, que desde a semana passada controla ambas as Casas do Congresso, como de membros do Partido Republicano. A nova estratégia deve ainda incluir ajuda econômica e impor metas ao governo iraquiano.
A ação antiinsurgente teve o apoio de helicópteros e caças americanos, que dispararam contra a região da rua Haifa, no centro da capital, onde se escondiam supostos terroristas, segundo o porta-voz do Ministério da Defesa iraquiano. A ofensiva, que durou mais de cinco horas, gerou os mais intensos combates desde que, no sábado, o premiê Nuri al Maliki anunciou o início de um novo plano de segurança para Bagdá.
"Todos os nossos recursos políticos, econômicos, de mídia, segurança e militares serão usados para apoiar as operações pelas quais Bagdá aguarda", disse Maliki, que na semana passada conversou com o presidente americano por telefone sobre a nova estratégia. Ele não informou se a ação de ontem na capital já faz parte do plano que o presidente americano anunciará hoje à noite. Segundo informações da imprensa americana, ela terá como foco a segurança de Bagdá.

Kennedy
Empossada há menos de uma semana, a nova maioria democrata no Congresso americano deixou de lado os projetos de política interna para centrar seus esforços no Iraque. Na primeira sugestão concreta de ação, um de seus líderes mais proeminentes, o senador Edward Kennedy, disse ontem que o Congresso tem autoridade para bloquear o plano de Bush de mandar mais tropas.
"Não podemos simplesmente falar contra a escalada de tropas no Iraque, temos que agir para evitá-la", disse Kennedy. A declaração esquenta o debate sobre os poderes constitucionais do Congresso -especificamente se ele pode vetar o uso da força quando ordenado pelo presidente, comandante-em-chefe das Forças Armadas.
"Não pode haver dúvidas de que a Constituição dá ao Congresso autoridade para decidir se custeia uma ação militar, e o Congresso pode exigir uma justificativa do presidente para tal ação antes de aprovar verbas para ela", disse. Em 2002, sob maioria republicana, o Congresso autorizou a invasão do Iraque. Desde então a guerra já matou mais de 3.000 americanos e tornou-se extremamente impopular nos EUA.
Em Genebra, o Alto Comissariado para Refugiados da ONU fez um pedido urgente de ajuda aos iraquianos deslocados pela violência, cujo número estima em 3,7 milhões. Um em cada oito iraquianos foi forçado a sair de casa, diz a agência, no "maior deslocamento populacional no Oriente Médio" desde a criação de Israel, em 1948.

Saddam
O premiê iraquiano confirmou que os EUA pediram o adiamento da execução de Saddam Hussein. Maliki disse que o embaixador dos EUA, Zalmay Khalilzad, "expressou o desejo de que a execução fosse adiada entre dez dias e duas semanas". Mas o pedido foi negado, disse o premiê, para evitar "problemas de segurança" causados por partidários do ditador.
O premiê britânico, Tony Blair, disse ontem que o modo como Saddam foi executado foi "completamente errado" e "imperdoável". Foi a primeira vez que Blair, principal aliado de Bush no Iraque, falou publicamente sobre a execução.


Com agências internacionais


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