São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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EUA assumem o risco de matar civis e estimular o radicalismo

MARK TREVELYAN
DA REUTERS, EM LONDRES

Com um histórico controvertido em seus ataques aéreos contra líderes islâmicos, os EUA assumiram grande risco ao bombardearem alvos da Al Qaeda na Somália. A tática funcionou na eliminação do representante da Al Qaeda no Iraque, Abu Mussab al Zarqawi. Mas apresentou resultados indesejados quando a inteligência mostrou-se imprecisa ou os ataques provocaram muitíssimas baixas civis.
Para Michael Williams, do Royal United Services Institute, de Londres, o emprego de ataques aéreos "tem seus momentos positivos, mas pode ser um instrumento bastante brutal". As armas inteligentes são apenas tão eficazes quanto a inteligência de que se dispõe para dispará-las, diz. "Mas quando há muitas mortes de civis, esses ataques podem ser aproveitados por islâmicos radicais para fomentar o ódio e a violência contra os Estados Unidos." Ayman al Zawahiri, segundo homem da Al Qaeda, já exortou muçulmanos a se lançarem numa resistência em estilo iraquiano no país, onde, no fim do ano, milícias islâmicas foram expulsas por forças etíopes.
Washington, que vem evitando uma intervenção direta na Somália desde a missão desastrosa de manutenção da paz que terminou em 1994, diz que alguns islâmicos estão abrigando membros da Al Qaeda. São poucos os detalhes conhecidos. Um informante somali disse que muitos civis foram mortos pelos projéteis disparados pelo AC-130 americano sobre um povoado, onde pelo menos um suspeito da Al Qaeda estaria escondido. Andrew Brookes, especialista em aviação no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, disse que o AC-130 "pode destruir o prédio em que acreditamos que um inimigo esteja escondido".
Mas, a não ser que se tenha em campo alguém para informar, "não saberemos quem está naquele prédio juntamente com o inimigo que queremos eliminar". Ou seja, "o problema é que quem estiver dentro do prédio ou perto dele será destruído também".


Tradução de CLARA ALLAIN


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