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EUA assumem o risco de matar civis e estimular o radicalismo
MARK TREVELYAN
DA REUTERS, EM LONDRES
Com um histórico controvertido em seus ataques aéreos
contra líderes islâmicos, os
EUA assumiram grande risco
ao bombardearem alvos da Al
Qaeda na Somália.
A tática funcionou na eliminação do representante da Al
Qaeda no Iraque, Abu Mussab
al Zarqawi. Mas apresentou resultados indesejados quando a
inteligência mostrou-se imprecisa ou os ataques provocaram
muitíssimas baixas civis.
Para Michael Williams, do
Royal United Services Institute, de Londres, o emprego de
ataques aéreos "tem seus momentos positivos, mas pode ser
um instrumento bastante brutal". As armas inteligentes são
apenas tão eficazes quanto a inteligência de que se dispõe para
dispará-las, diz. "Mas quando
há muitas mortes de civis, esses
ataques podem ser aproveitados por islâmicos radicais para
fomentar o ódio e a violência
contra os Estados Unidos."
Ayman al Zawahiri, segundo
homem da Al Qaeda, já exortou
muçulmanos a se lançarem numa resistência em estilo iraquiano no país, onde, no fim do
ano, milícias islâmicas foram
expulsas por forças etíopes.
Washington, que vem evitando uma intervenção direta na
Somália desde a missão desastrosa de manutenção da paz
que terminou em 1994, diz que
alguns islâmicos estão abrigando membros da Al Qaeda.
São poucos os detalhes conhecidos. Um informante somali disse que muitos civis foram mortos pelos projéteis disparados pelo AC-130 americano sobre um povoado, onde pelo menos um suspeito da Al
Qaeda estaria escondido.
Andrew Brookes, especialista em aviação no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, disse que o AC-130 "pode destruir o prédio em que
acreditamos que um inimigo
esteja escondido".
Mas, a não ser que se tenha
em campo alguém para informar, "não saberemos quem está naquele prédio juntamente
com o inimigo que queremos
eliminar". Ou seja, "o problema
é que quem estiver dentro do
prédio ou perto dele será destruído também".
Tradução de CLARA ALLAIN
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