São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Emmanuel tem atendimento psicológico antes de ser entregue a família da mãe

ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mantido pelo governo colombiano em lugar desconhecido, o menino Emmanuel, 3, nascido num cativeiro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), está recebendo tratamento psicológico específico para ser entregue à família Rojas.
Ontem, meios de comunicação colombianos anteciparam o resultado de um exame de DNA feito na Espanha confirmando que se trata do filho da ex-vice-candidata a presidente Clara Rojas, seqüestrada pela guerrilha desde 2002.
"Estamos preparando o menino para que saia sem traumas para a família nem traumas para ele", disse Elvira Forero, diretora do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), que ontem recebeu em seu escritório um grupo de jornalistas estrangeiros, entre os quais a Folha.
"Primeiro, haverá encontros curtos, visitas ao domicílio dos Rojas, visitas da família ao albergue temporário, onde está o menino. É uma espécie de transição para que o menino se integre à família", explicou. "Ele tem um vínculo com a sua mãe substituta [contratada pelo ICBF], com quem ficou durante um ano e cinco meses."
Embora tenha falado em cerca de 15 dias, Forero evitou dar um prazo rígido para que o menino seja devolvido à família Rojas. Ela afirmou que se trata de um "processo no qual se faz um acompanhamento da família e também um acompanhamento do menino".
A diretora disse que Emmanuel terá ainda de passar por uma segunda cirurgia para corrigir a fratura num dos braços, ocorrida em seu nascimento, num acampamento das Farc. "Ele não pode fechar a mão e não flexiona o braço", disse a diretora. Segundo ela, não são seqüelas permanentes.
Forero pediu também paciência à imprensa para evitar mais danos à criança. "É lógico que o mundo quer saber quem é Emmanuel, mas, para que o mundo saiba, não precisamos superexpô-lo, mas protegê-lo."
Forero ainda chama Emmanuel de "Juan David", nome pelo qual foi registrado ilegalmente pela família encarregada pelas Farc de cuidar dele, em janeiro de 2005, no Estado de Guaviare (sudeste).
Meses mais tarde, em meados de 2005, Emmanuel foi levado a um hospital com graves problemas de saúde. O ICBF foi acionado e assumiu a guarda da criança, levada a Bogotá para ter um melhor tratamento médico. "Nos primeiros relatórios, quando chegou ao instituto, ele dizia monossílabos, se levantava e perguntava por sua mãe", disse Forero.
Em fevereiro de 2006, uma foto distorcida de "Juan David" foi mostrada na televisão colombiana pelo tradicional anúncio "As crianças procuram seu lar", de responsabilidade da ICBF. O objetivo é tentar localizar os país da criança.
Quando o governo colombiano identificou preliminarmente Juan David como sendo Emmanuel, filho de Rojas, em 28 de dezembro, o ICBF havia começado o processo para oferecê-lo à adoção. A identidade verdadeira só foi confirmada na semana passada, por meio de um exame de DNA. (FABIANO MAISONNAVE E JOHANNA CORTÉS)


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