São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2002

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AMÉRICA LATINA

Advogado de Pedro Soto confirma que o militar se apresentará ao comandante da Força Aérea amanhã

Coronel venezuelano pede resistência se for preso

DA REDAÇÃO

O advogado Hidalgo Valero, defensor do coronel Pedro Soto, que pediu publicamente a renúncia do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na última quinta-feira, convocou ontem manifestações nas ruas em apoio ao oficial caso ele seja preso amanhã, quando deve se apresentar ao comando da Força Aérea venezuelana.
Valero confirmou que Soto -que, na quinta-feira, pediu o término do governo de três anos de Chávez em uma conferência sobre a liberdade de expressão organizada por grupos de oposição em um hotel de Caracas- planeja se apresentar às 9h de amanhã (11h em Brasília) ao comandante da Força Aérea, general Régulo Anselmi López, no aeroporto La Carlota, em Caracas.
O general Anselmi afirmou anteontem que havia dado a Soto um prazo de 72 horas, até amanhã, para se apresentar ao comando da Força Aérea. Caso o coronel não cumprisse a ordem, segundo Anselmi, ele seria declarado desertor e poderia ser preso.
"Na segunda-feira, estaremos lá atendendo ao chamado feito pelo comandante da Força Aérea", disse o advogado de Soto em entrevista a uma emissora de rádio venezuelana.
Valero afirmou que, se Soto for "detido arbitrariamente", seus defensores convocarão manifestações nas ruas da capital.
"Vamos pedir à população que faça uma vigília diante do local de reclusão até que ele seja posto em liberdade", disse.
O advogado insistiu em que Soto "pode perfeitamente ficar em liberdade" enquanto seu comando prepara um conselho de investigação e alguma medida judicial.
Segundo Valero, o coronel se encontrava ontem "resguardado, com muito boa saúde".
Na quinta-feira, Soto liderou uma concentração de 4.000 pessoas na praça Altamira (região leste de Caracas), que se transformou em uma marcha e, em seguida, em um "cerco" à residência oficial de Chávez, depois que moradores da capital impediram sua prisão por policiais militares.
Anteontem, grupos de apoio e oposição a Chávez realizaram manifestações em várias cidades do país, e outro militar da ativa, o capitão da Guarda Nacional Pedro Flores, uniu-se a Soto. Ele acusou o presidente de pôr em perigo o sistema democrático do país ao se envolver em casos de corrupção e atacar a Igreja Católica, a mídia e "o governo da lei".
Valero não descartou a possibilidade de que outros militares da ativa se unam a Soto e Flores nos próximos dias.
"Penso que haja muitos, mais do que se imagina", disse Valero, um coronel aposentado da Força Aérea, referindo-se a militares descontentes com o governo.


Com agências internacionais


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