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CARIBE
Washington critica presidente
Rebeldes haitianos já controlam 11 cidades
DA REDAÇÃO
A revolta armada contra o presidente Jean-Bertrand Aristide
continuou ganhando força ontem
após rebeldes avançarem ainda
mais em direção à capital, Porto
Príncipe. Até ontem, o governo
havia perdido o controle de 11 cidades -ao menos 40 pessoas
morreram em combates desde a
última quinta-feira.
Usando árvores, pneus em chamas e carros, moradores bloquearam a entrada de diversos povoados do país caribenho. Os rebeldes bloquearam a rodovia que liga a capital à estratégica cidade
portuária de Saint Marc, distante
70 km de Porto Príncipe.
"Aristide foi abandonado internacionalmente e chegou a um
ponto sem retorno", disse à Folha
o haitiano Marc Brou, presidente
da Associação de Estudos Haitianos e professor da Universidade
de Massachusetts (EUA).
Os rebeldes iniciaram o levante
na última quinta-feira, em Gonaives, a quarta maior cidade do
país, provocando a fuga de policiais, de parte dos moradores e de
funcionários do governo.
No último domingo, 150 policiais tentaram retomar Gonaives,
mas foram repelidos pelos rebeldes. Ao menos sete policiais e dois
civis foram mortos no confronto.
Ex-aliados
O principal grupo rebelde é a
Frente de Resistência de Gonaives, ex-aliada de Aristide que passou para a oposição em setembro
passado. Os rebeldes contam com
apoio de ex-soldados do Exército
e de parte da população.
A oposição a Aristide está cada
vez mais forte depois que os governistas foram acusados de fraudar as eleições legislativas de
2000, que acabaram canceladas.
Desde então, o país mais pobre
das Américas deixou de receber
milhões de dólares em ajuda internacional.
Apesar da crise, Aristide promete cumprir seu mandato, que
vai até 2006.
Ex-padre, em 1990 Aristide foi o
primeiro presidente eleito desde a
independência do país, em 1804.
Meses depois, no entanto, ele foi
deposto por um golpe militar.
"Fadiga haitiana"
Em 1994, durante o governo do
democrata Bill Clinton (1993-2001), Aristide foi levado de volta
ao poder após a invasão de cerca
de 20 mil militares americanos.
Aristide deixou o poder em 1996,
mas em 2000 tornou a ser eleito.
Sob o republicano George W.
Bush, no entanto, Washington
tem dado sinais de que não voltará a intervir a favor de Aristide.
Ontem, os EUA condenaram a
onda de violência e exigiram que
o governo de Aristide "respeite os
direitos humanos de todos os cidadãos e residentes no Haiti".
Para Brou, Washington está
com uma "fadiga haitiana" por
causa dos problemas recorrentes
e acredita que um novo socorro a
Aristide esteja fora de cogitação.
(FABIANO MAISONNAVE)
Com agências internacionais
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