São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Sob pressão, Gates diz ter provas contra Irã

Segundo chefe da Defesa dos EUA, números de séries e marcas em explosivos são evidência do envolvimento iraniano no Iraque

DA REDAÇÃO

Sob intensa pressão para revelar provas do suposto envolvimento do Irã no fornecimento de armas ou de tecnologia para a insurgência iraquiana, o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, disse ontem que números de séries e marcas em explosivos usados no país são evidências "bastante boas" dessa participação.
É a primeira vez que uma autoridade americana dá algum tipo de detalhe -sem mostrar provas materiais- sobre o envolvimento iraniano desde que o presidente George W. Bush acusou o Irã, em seu discurso do Estado da União, em 23 de janeiro, de armar a insurgência.
"Creio que há alguns números de série e pode haver algumas marcas em alguns dos fragmentos de projéteis que encontramos", afirmou Gates.
"O Irã está muito envolvido em prover ou tecnologia ou armas para esses projéteis explosivos. Eles não representam uma grande porcentagem dos ataques, mas são extremamente letais", acrescentou.
Sobre a detenção, pelas forças americanas, de iranianos no Iraque, Gates disse: "Não creio que tenha sido uma surpresa que iranianos estivessem envolvidos, mas foi uma surpresa termos efetivamente capturado alguns." Na semana passada, Teerã acusou os EUA de terem detido um de seus diplomatas.
O governo americano prometeu divulgar um dossiê com provas sobre a participação do Irã no Iraque, mas até o momento não o fez.
Autoridades do governo têm enfrentado duras críticas e questionamentos pelo Congresso e pela imprensa, que relembram a manipulação das informações para justificar a invasão do Iraque em 2003.
"Queremos assegurar que vamos dispor das melhores informações possíveis, mas de uma maneira que não comprometa as fontes e os métodos e que não torne mais difícil para nós lidar com a situação lá", afirmou Tom Casey, porta-voz do Departamento de Estado.
Um relatório elaborado pelo inspetor-geral do Pentágono e enviado ao Congresso nesta semana aponta falhas na manipulação de informações de inteligência às vésperas da invasão do Iraque por um grupo de funcionários civis da Defesa. Na ocasião, a suposta ligação entre o ditador Saddam Hussein e a Al Qaeda foi usada como justificativa para a invasão.
O relatório diz que o grupo "desenvolveu, produziu e então disseminou avaliações alternativas de inteligência sobre a relação entre o Iraque e a Al Qaeda, que incluíram algumas conclusões que eram inconsistentes com o consenso da comunidade de inteligência", de acordo com trecho divulgado pelo senador democrata Carl Levin.
O documento qualifica as atividades do grupo de "inapropriadas", mas não as considerou ilegais ou que violassem as diretrizes do departamento.


Com agências internacionais

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