|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE INSTITUCIONAL
Presidente se nega a cumprir ordem da Justiça de deter o general Oviedo
Paraguai vive "guerra" entre poderes
PAULO HENRIQUE BRAGA
da Redação
A negativa do presidente do Paraguai, Raúl Cubas, em cumprir
uma ordem da Suprema Corte que
determina a prisão do general Lino
Oviedo está gerando uma "guerra"
de poderes no país.
"O Estado de Direito está quebrado", disse ontem Wildo Rienzi,
presidente da Suprema Corte. Para
o senador oposicionista Luis Alberto Mauro, a decisão de Cubas
levou o país a uma "situação de
golpe de Estado".
Rienzi emitiu, na sexta-feira, um
ofício determinando que Cubas
prendesse Oviedo, reafirmando
decisão tomada em 12 de dezembro pelos juízes da Suprema Corte.
O general foi condenado a dez
anos de prisão por tentativa de golpe contra o então presidente, Juan
Carlos Wasmosy, em 96.
Pouco depois de assumir, em
agosto, Cubas indultou Oviedo,
seu padrinho político. Para legitimar a decisão, criou um tribunal
militar que confirmou o indulto. A
decisão foi depois anulada pela Suprema Corte, em dezembro.
O presidente paraguaio argumenta que não tem de se submeter
ao Judiciário, porque os poderes
são independentes. A defesa de
Oviedo também afirma que, por se
tratar de uma questão militar, a absolvição dada pelo tribunal militar
não poderia ser contestada pela
Suprema Corte.
Rienzi deu entrada ontem em
um pedido para que Cubas seja
processado por desacatar a ordem.
A Procuradoria Geral vai analisar
o pedido, mas mesmo que o aprove, o impasse deve continuar.
Para processar o presidente, a
Justiça necessita de autorização do
Congresso, por maioria de dois
terços. A oposição não dispõe do
quórum necessário para isso, o
mesmo requerido para que o presidente seja submetido a julgamento político.
"Cubas, ao não acatar a ordem da
Suprema Corte, está empurrando
o país para um cenário de violência", disse à Folha o senador Luis
Alberto Mauro, do Partido Encontro Nacional. Mauro duvida que
Cubas vá cumprir a ordem judicial
e prevê que "essa situação de anarquia vai continuar".
Ele prevê uma piora na situação
social, agravada pela crise econômica brasileira. "A crise política
faz com que, a qualquer momento,
haja uma explosão social por causa
da miséria e do desemprego, que é
de cerca de 30%. Nenhum empresário vai querer investir no Paraguai enquanto esse impasse não
for solucionado."
O senador acredita que uma das
soluções para o caso seria a interferência dos outros países do Mercosul -Brasil, Argentina e Uruguai-, exigindo que Cubas cumpra a ordem judicial.
Texto Anterior: Comentário: Oposição teme se expor Próximo Texto: Multimídia: Rússia precisa cortar militares Índice
|