|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMENTÁRIO
Oposição teme se expor
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
Se as pesquisas de opinião
pública estivessem contra Clinton, os senadores da oposição
teriam votado a favor do debate público no julgamento de
seu impeachment.
Como Clinton tem índices de
popularidade mais altos do que
nunca, quem vai votar a favor
de seu afastamento prefere se
justificar a portas fechadas.
A decisão de ontem é apenas
mais um passo do agoniento
processo em que o Partido Republicano, de oposição, se meteu ao achar que poderia causar
graves danos à imagem de
Clinton e do governo por causa
do escândalo Lewinsky.
Pela lógica política tradicional, as chances de acossar o
presidente eram boas. O moralismo persecutório da consciência coletiva norte-americana justificava punição severa
contra um presidente que nunca foi respeitado pelo público.
Mas outro traço do caráter
cultural do país, o pragmatismo, se impôs. Pecadilhos são
motivo insuficiente para retirar
do poder um presidente que
parece dar certo do ponto de
vista da economia.
Não importa que o sucesso de
Clinton possa ser apenas aparente, já que dívida pública e
déficit de conta corrente continuam a crescer e o nível de
poupança não aumenta, prorrogando para o futuro a ocorrência de graves problemas.
Os senadores que, por princípio ou covardia, votarem pelo
impeachment temem a consequência da exposição de seus
motivos. Por isso, contrariaram a tradição de debates abertos no Congresso dos EUA e
preferiram realizar os do impeachment em segredo.
O resultado da votação de ontem (59 a 41) é um bom palpite
para o placar final do impeachment. A maioria será a favor,
mas bem menor que os dois
terços necessários.
Texto Anterior: Processo a Clinton: Senado debate impeachment em sigilo Próximo Texto: Paraguai vive "guerra" entre poderes Índice
|