São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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COMENTÁRIO
Oposição teme se expor

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

Se as pesquisas de opinião pública estivessem contra Clinton, os senadores da oposição teriam votado a favor do debate público no julgamento de seu impeachment.
Como Clinton tem índices de popularidade mais altos do que nunca, quem vai votar a favor de seu afastamento prefere se justificar a portas fechadas.
A decisão de ontem é apenas mais um passo do agoniento processo em que o Partido Republicano, de oposição, se meteu ao achar que poderia causar graves danos à imagem de Clinton e do governo por causa do escândalo Lewinsky.
Pela lógica política tradicional, as chances de acossar o presidente eram boas. O moralismo persecutório da consciência coletiva norte-americana justificava punição severa contra um presidente que nunca foi respeitado pelo público.
Mas outro traço do caráter cultural do país, o pragmatismo, se impôs. Pecadilhos são motivo insuficiente para retirar do poder um presidente que parece dar certo do ponto de vista da economia.
Não importa que o sucesso de Clinton possa ser apenas aparente, já que dívida pública e déficit de conta corrente continuam a crescer e o nível de poupança não aumenta, prorrogando para o futuro a ocorrência de graves problemas.
Os senadores que, por princípio ou covardia, votarem pelo impeachment temem a consequência da exposição de seus motivos. Por isso, contrariaram a tradição de debates abertos no Congresso dos EUA e preferiram realizar os do impeachment em segredo.
O resultado da votação de ontem (59 a 41) é um bom palpite para o placar final do impeachment. A maioria será a favor, mas bem menor que os dois terços necessários.


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