São Paulo, sábado, 10 de março de 2001

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Movimento ganha apoio popular, diz analista

MARGARETE MAGALHÃES
DA REDAÇÃO


Quem saiu ganhando na "guerra" travada entre o líder zapatista, subcomandante Marcos, e o presidente mexicano, Vicente Fox, nas duas últimas semanas foi Marcos, segundo Carlos Aguirre, pesquisador no Instituto de Investigações Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), especialista em historiografia do século 20 e autor de artigo "Chiapas, América Latina e o Sistema Mundo Capitalista".
Durante a viagem por 12 Estados mexicanos, a popularidade do zapatista cresceu quase na mesma proporção dos ataques diretos a Fox. Em entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros para marcar os cem dias de governo, ontem, o presidente respondeu, ironicamente, que Marcos tinha "todo o direito de dizer grosserias e atacá-lo".
Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Aguirre à Folha, por telefone.

Folha - O que já mudou no México desde que a marcha começou ?
Carlos Aguirre -
A grande mudança é com relação ao isolamento dos zapatistas. Eles construíram uma estratégia muito inteligente para sair desse isolamento. Um segundo ponto importante mostra o apoio da população em todo México. O conflito em Chiapas não é local, mas nacional.

Folha - Quem ganhará na disputa por popularidade, Fox ou Marcos?
Aguirre -
Acho que os meios de comunicação, os jornais, para vender mais, exageraram. Em pesquisas de 95, 96 e 97, Marcos sempre foi mais conhecido que o presidente da República. Do ponto de visto midiático, Marcos ganhou esta "guerra", nos meios de comunicação.

Folha - Como ele superou Fox ?
Aguirre -
Marcos está na ofensiva, e Fox está um pouco na defensiva. Marcos construiu essa estratégia. Viu que Fox queria muito compor, mas que estava disposto a fazer o mesmo que o presidente anterior (Ernesto Zedillo). Deixar os zapatistas como um fenômeno de Chiapas e limitar a sua influência no país e continuar dizendo: "estamos fazendo todo o possível". Mas, nesse momento, os zapatistas construíram uma estratégia de sair de Chiapas e tomaram a ofensiva de chegar à Cidade do México. Marcos e os zapatistas tomam a ofensiva todo o tempo, interrogam o poder, criticam Fox, mostrando que ele (Fox) não está muito seguro para fazer uma verdadeira democracia e não está verdadeiramente inclinado a abrir as possibilidades de mudança social. Fox nem responde às iniciativas do zapatismo.


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