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Movimento ganha apoio popular, diz analista
MARGARETE MAGALHÃES
DA REDAÇÃO
Quem saiu ganhando na "guerra" travada entre o líder zapatista,
subcomandante Marcos, e o presidente mexicano, Vicente Fox,
nas duas últimas semanas foi
Marcos, segundo Carlos Aguirre,
pesquisador no Instituto de Investigações Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), especialista em historiografia do século 20 e autor de
artigo "Chiapas, América Latina e
o Sistema Mundo Capitalista".
Durante a viagem por 12 Estados mexicanos, a popularidade
do zapatista cresceu quase na
mesma proporção dos ataques diretos a Fox. Em entrevista coletiva
a correspondentes estrangeiros
para marcar os cem dias de governo, ontem, o presidente respondeu, ironicamente, que Marcos tinha "todo o direito de dizer grosserias e atacá-lo".
Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Aguirre à Folha, por telefone.
Folha - O que já mudou no México
desde que a marcha começou ?
Carlos Aguirre - A grande mudança é com relação ao isolamento dos zapatistas. Eles construíram uma estratégia muito inteligente para sair desse isolamento.
Um segundo ponto importante
mostra o apoio da população em
todo México. O conflito em Chiapas não é local, mas nacional.
Folha - Quem ganhará na disputa
por popularidade, Fox ou Marcos?
Aguirre - Acho que os meios de
comunicação, os jornais, para
vender mais, exageraram. Em
pesquisas de 95, 96 e 97, Marcos
sempre foi mais conhecido que o
presidente da República. Do ponto de visto midiático, Marcos ganhou esta "guerra", nos meios de
comunicação.
Folha - Como ele superou Fox ?
Aguirre - Marcos está na ofensiva, e Fox está um pouco na defensiva. Marcos construiu essa estratégia. Viu que Fox queria muito
compor, mas que estava disposto
a fazer o mesmo que o presidente
anterior (Ernesto Zedillo). Deixar
os zapatistas como um fenômeno
de Chiapas e limitar a sua influência no país e continuar dizendo:
"estamos fazendo todo o possível". Mas, nesse momento, os zapatistas construíram uma estratégia de sair de Chiapas e tomaram
a ofensiva de chegar à Cidade do
México. Marcos e os zapatistas tomam a ofensiva todo o tempo, interrogam o poder, criticam Fox,
mostrando que ele (Fox) não está
muito seguro para fazer uma verdadeira democracia e não está
verdadeiramente inclinado a
abrir as possibilidades de mudança social. Fox nem responde às
iniciativas do zapatismo.
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