São Paulo, domingo, 10 de março de 2002

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CONFLITO

EUA e UE aumentam pressão

Violência mata 6 e fere dezenas em Israel e Gaza

DA REDAÇÃO

Dois atentados em território israelense em um intervalo de cerca de duas horas ontem deixaram ao menos 14 mortos e 79 feridos, e Israel continuou sua ofensiva contra alvos palestinos, ferindo pelo menos 20 palestinos.
Um atentado suicida em um café movimentado em Jerusalém deixou pelo menos dez mortos e 54 feridos, disseram médicos presentes no local.
"Um suicida se explodiu na entrada do café. Houve mortes além de muitos feridos", afirmou Emmanuel Nachshon, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel.
O atentado ocorreu no badalado café Moment, que costuma ficar lotado nas noites de sábado, a cerca de 100 m da residência do premiê israelense, Ariel Sharon, em Jerusalém.
As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa assumiram a responsabilidade pelo ataque e . A informação não teve confirmação independente.
Pelo menos três palestinos abriram fogo ontem em um calçadão movimentado em Netanya (oeste de Israel), deixando dezenas de feridos e ao menos uma pessoa morta, disseram fontes dos serviços de segurança israelenses.
Emissoras de rádio e TV israelenses afirmaram que ao menos 25 pessoas haviam sido atingidas pelos disparos e que um dos atiradores estava disfarçado de policial israelense. Um médico local disse que um bebê estava entre cinco vítimas em estado grave. Uma mulher morreu cerca de uma hora depois do ataque em decorrência dos ferimentos.
A TV Canal 2 afirmou que forças de segurança israelenses haviam matado três atiradores, mas que um quarto ainda poderia estar solto na cidade (norte de Tel Aviv) próxima da Cisjordânia.
O atentado ocorreu logo depois do anoitecer do sábado, quando termina o shabat (dia de descanso dos judeus), em um calçadão na área que concentra muitos hotéis e que costuma ficar movimentada após o shabat. "Houve um ataque terrorista em uma área que costuma ser muito movimentada nas noites de sábado. As estradas estão bloqueadas", disse a prefeita de Netanya, Miriam Feirberg.
As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupo extremista ligado ao Fatah, grupo político do líder palestino Iasser Arafat, assumiram a responsabilidade pelo ataque em um telefonema à agência de notícias Associated Press.
Israel seguiu a ofensiva ontem, após a região ter registrado, na véspera, o dia mais violento desde o início da atual Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000. Ao menos 1.012 palestinos e 320 israelenses morreram em episódios de violência desde então.
Só anteontem cerca de 40 palestinos morreram em confronto com Israel. Ontem, mais dois palestinos morreram em choque com tropas de Israel na fronteira da faixa de Gaza com o país.
Em Gaza, aviões de Israel dispararam mísseis nas instalações do quartel-general de Arafat na cidade, ferindo ao menos 20 pessoas.
Israel disse ontem que prendeu cerca de 600 palestinos -60 deles membros das forças de segurança- em sua ofensiva contra campo de refugiados palestinos na cidade de Tulkarem (Cisjordânia ocupada).
Os detidos foram enviados para Israel para serem interrogados, disseram fontes israelenses. A situação legal dos detidos não foi revelada. O Exército ocupa o campo desde quinta-feira.

Pressão
Os EUA e a União Européia (UE) aumentaram ontem a pressão sobre o premiê de Israel, Ariel Sharon, para que ele suspenda a ofensiva militar contra militantes palestinos que matou dezenas de pessoas na última semana.
A Holanda disse que Washington aceitou convite da UE para uma ação conjunta para obter um cessar-fogo imediato. A iniciativa ocorre um dia depois de Sharon ter abandonado exigência de sete dias de calma total para iniciar diálogo por um cessar-fogo com os palestinos.
Em outro gesto que pode acalmar a situação, fontes palestinas anunciaram a prisão de um quarto suspeito na morte do ministro israelense do Turismo, Rehavam Zeevi, no ano passado. Israel exige a prisão dos suspeitos como condição para encerrar o confinamento de Arafat em Ramallah (Cisjordânia), iniciado em dezembro.
A iniciativa conjunta EUA-UE, que pede o fim dos atentados terroristas palestinos e da ofensiva israelense, pode ser apresentada a Sharon já hoje. Os EUA estão mandando de volta à região nesta semana seu enviado para o Oriente Médio, Anthony Zinni.


Com agências internacionais


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