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São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Para secretário, país conseguirá "nove ou dez" votos no Conselho de Segurança; França e China mantêm oposição

EUA terão maioria na ONU, prevê Powell

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse ontem que o país está perto de conseguir "nove ou dez" votos no Conselho de Segurança da ONU (CS) para seu projeto de resolução que abriria caminho para a guerra ao Iraque.
Os EUA lideram uma coalizão que já tem mais de 200 mil soldados estacionados ao redor do país do ditador Saddam Hussein.
Em entrevista à rede de TV Fox News, ele criticou a França. O país ameaça barrar a aprovação do projeto bancado pelos EUA, que fixaria a próxima segunda-feira como data-limite para Saddam cooperar totalmente com o programa de desarmamento do país estabelecido pela ONU.
"Será uma pena se ela decidir vetar a resolução. A França não seria vista de maneira favorável em muitos lugares", disse Powell.
Em outra rede de TV, a NBC, ele disse considerar "fortes" as chances de conseguir nove votos, um dos requisitos para aprovar a proposta -a votação pode acontecer já amanhã. "Podemos ter nove ou dez votos e então veremos se alguém quer vetar a resolução", afirmou Powell.
Até aqui, os americanos têm o apoio declarado de apenas mais 3 dos 15 membros do CS: Reino Unido, Espanha e Bulgária.
Mesmo que a proposta seja vetada, o fato de conseguir os nove votos traria vantagens aos americanos -ao jogar sobre os responsáveis pelo veto toda a responsabilidade pela posição da ONU.
A pressão americana pode estar tendo algum resultado, segundo apontou a revista "Time". Em conversa pelo telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, George W. Bush teria tido a impressão de que a Rússia não irá vetar a nova resolução no CS.
Caso Bush esteja correto, o núcleo de oposição à vontade americana ficaria entre França e China, que também detêm poder de veto, além da Alemanha, outro país com cadeira no CS da ONU.
A China reafirmou ontem sua postura contra a guerra, em telefonema do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, ao presidente chinês, Jiang Zemin.
"A guerra não traz vantagens para ninguém. Não importa o custo, é interesse de todos esperar o tempo que for preciso", afirmou o líder chinês.
Já o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, endossou ontem a proposta do presidente francês, Jacques Chirac, para que ambos sigam para Nova York e votem, eles mesmos, por seus países na sessão do Conselho de Segurança -em reação, Powell disse não ver necessidade de Bush estar presente no debate na ONU.
Enquanto a televisão americana mostrava imagens de arquivo de Bush ao telefone, uma forma de ilustrar a ofensiva diplomática deste final de semana, o chanceler francês, Dominique de Villepin, embarcava para uma viagem a Guiné, Camarões e Angola, membros do Conselho de Segurança que ainda estão indecisos.
Dentro de casa, porém, Bush sofreu ontem um golpe significativo na batalha pela opinião pública americana e mundial.
Seu antecessor Jimmy Carter publicou um artigo no jornal "The New York Times" questionando duramente a postura do governo americano.
"É óbvio que existem claras alternativas à guerra no caso do Iraque", escreveu Carter, que foi presidente pelo Partido Democrata, adversário do Partido Republicano, de Bush. "O status americano certamente vai declinar se iniciarmos uma guerra sem o consentimento claro da ONU", completou o ex-presidente.
Condolleezza Rice, assessora de segurança nacional do presidente Bush, disse ontem que os EUA já estão prontos para "responder militarmente à ameaça iraquiana", ainda que o Conselho de Segurança da ONU não aprove uma nova resolução autorizando um ataque contra o regime de Saddam Hussein.



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