|
Próximo Texto | Índice
IRAQUE NA MIRA
Para secretário, país conseguirá "nove ou dez" votos no Conselho de Segurança; França e China mantêm oposição
EUA terão maioria na ONU, prevê Powell
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, disse ontem que o
país está perto de conseguir "nove
ou dez" votos no Conselho de Segurança da ONU (CS) para seu
projeto de resolução que abriria
caminho para a guerra ao Iraque.
Os EUA lideram uma coalizão
que já tem mais de 200 mil soldados estacionados ao redor do país
do ditador Saddam Hussein.
Em entrevista à rede de TV Fox
News, ele criticou a França. O país
ameaça barrar a aprovação do
projeto bancado pelos EUA, que
fixaria a próxima segunda-feira
como data-limite para Saddam
cooperar totalmente com o programa de desarmamento do país
estabelecido pela ONU.
"Será uma pena se ela decidir
vetar a resolução. A França não
seria vista de maneira favorável
em muitos lugares", disse Powell.
Em outra rede de TV, a NBC, ele
disse considerar "fortes" as chances de conseguir nove votos, um
dos requisitos para aprovar a proposta -a votação pode acontecer
já amanhã. "Podemos ter nove ou
dez votos e então veremos se alguém quer vetar a resolução",
afirmou Powell.
Até aqui, os americanos têm o
apoio declarado de apenas mais 3
dos 15 membros do CS: Reino
Unido, Espanha e Bulgária.
Mesmo que a proposta seja vetada, o fato de conseguir os nove
votos traria vantagens aos americanos -ao jogar sobre os responsáveis pelo veto toda a responsabilidade pela posição da ONU.
A pressão americana pode estar
tendo algum resultado, segundo
apontou a revista "Time". Em
conversa pelo telefone com o presidente russo, Vladimir Putin,
George W. Bush teria tido a impressão de que a Rússia não irá
vetar a nova resolução no CS.
Caso Bush esteja correto, o núcleo de oposição à vontade americana ficaria entre França e China,
que também detêm poder de veto, além da Alemanha, outro país
com cadeira no CS da ONU.
A China reafirmou ontem sua
postura contra a guerra, em telefonema do primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, ao presidente chinês, Jiang Zemin.
"A guerra não traz vantagens
para ninguém. Não importa o
custo, é interesse de todos esperar
o tempo que for preciso", afirmou
o líder chinês.
Já o chanceler (premiê) alemão,
Gerhard Schröder, endossou ontem a proposta do presidente
francês, Jacques Chirac, para que
ambos sigam para Nova York e
votem, eles mesmos, por seus países na sessão do Conselho de Segurança -em reação, Powell disse não ver necessidade de Bush estar presente no debate na ONU.
Enquanto a televisão americana
mostrava imagens de arquivo de
Bush ao telefone, uma forma de
ilustrar a ofensiva diplomática
deste final de semana, o chanceler
francês, Dominique de Villepin,
embarcava para uma viagem a
Guiné, Camarões e Angola, membros do Conselho de Segurança
que ainda estão indecisos.
Dentro de casa, porém, Bush sofreu ontem um golpe significativo
na batalha pela opinião pública
americana e mundial.
Seu antecessor Jimmy Carter
publicou um artigo no jornal
"The New York Times" questionando duramente a postura do
governo americano.
"É óbvio que existem claras alternativas à guerra no caso do Iraque", escreveu Carter, que foi presidente pelo Partido Democrata,
adversário do Partido Republicano, de Bush. "O status americano
certamente vai declinar se iniciarmos uma guerra sem o consentimento claro da ONU", completou
o ex-presidente.
Condolleezza Rice, assessora de
segurança nacional do presidente
Bush, disse ontem que os EUA já
estão prontos para "responder
militarmente à ameaça iraquiana", ainda que o Conselho de Segurança da ONU não aprove uma
nova resolução autorizando um
ataque contra o regime de Saddam Hussein.
Próximo Texto: FHC condena ação militar contra o Iraque Índice
|