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São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Segundo ex-diplomata do regime afegão deposto, EUA estiveram perto do saudita

Bin Laden quase foi pego, diz membro do Taleban

SAEED ALI ACHAKZAI
DA REUTERS

Um ex-diplomata do Taleban, regime deposto no Afeganistão após os atentados de 11 de setembro de 2001, disse ontem que Osama bin Laden, o homem mais procurado do mundo, estava na Província de Nimroz, no sul do Afeganistão, alguns dias antes que forças americanas lançassem uma operação para detê-lo.
Naseer Ahmed Roohi, antigo diplomata do governo de linha dura afegão derrubado em 2001, disse ter informações de "fontes confiáveis" sobre a presença de Bin Laden na cadeia de montanhas de Siakoh, que se estende pelas Províncias de Nimroz e Helmand, no sul do Afeganistão, e pelo Baluquistão paquistanês.
"Bin Laden, com alguns de seus companheiros, se transferiu para uma área desconhecida apenas alguns dias antes da operação liderada pelos Estados Unidos na região [na semana passada"", disse Roohi por telefone via satélite, de um local não determinado.
As declarações de Roohi surgiram no momento em que o secretário do Interior de uma Província paquistanesa acusou representantes da imprensa de distorcer suas declarações sobre relatos não substanciados de que dois dos filhos de Bin Laden teriam sido detidos no Afeganistão.
Na sexta-feira, o secretário do Interior do Baluquistão, Sardar Sanaullah Zehri, disse que tinha sido informado de que dois dos filhos de Bin Laden haviam sido feridos e possivelmente detidos em uma operação conduzida na quinta-feira por soldados americanos e afegãos na região de Ribat, em Nimroz, onde o território do Afeganistão conflui com o do Irã e o do Paquistão.
Mas, numa declaração divulgada ontem, Zehri diz que foi mal interpretado em algumas reportagens e que havia sustentado que as informações sobre a detenção de dois dos filhos de Bin Laden não haviam sido substanciadas.
Zehri disse que, no momento de sua declaração inicial, não tinha certeza da precisão das informações sobre as detenções.
A Casa Branca e o governo paquistanês disseram que também não tinham como substanciar a informação.
Forças americanas que atuam no Afeganistão anunciaram anteontem a detenção de sete homens, no centro de Helmand, um dia antes. Os militares americanos não identificaram os capturados, que eram suspeitos de planejar ataques contra as forças da coalizão internacional.
Roohi, que diz que era primeiro-secretário da missão do Taleban nos Emirados Árabes Unidos antes da queda do regime de linha dura no final de 2001, alegou que tinha informações não confirmadas de que "um parente próximo" de Bin Laden estava entre os detidos na sexta-feira, mas não foi capaz de confirmar a veracidade das reportagens.
O coronel Roger King, porta-voz das Forças Armadas americanas, disse anteontem que não houvera unidades das forças da coalizão lideradas pelos Estados Unidos operando em Ribat nas 72 horas anteriores.
A CIA (serviço de inteligência dos EUA) e o FBI (polícia federal dos EUA) estão caçando Bin Laden e outros líderes da Al Qaeda, mas não são parte das forças da coalizão.
O saudita Bin Laden vem conseguindo escapar dos militares americanos desde a campanha de bombardeio dos Estados Unidos contra a Al Qaeda e o governo do Taleban no Afeganistão, no final de 2001.


Tradução de Paulo Migliacci


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