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Oposição vai à Suprema Corte por referendo
ANDY WEBB-VIDAL
DO "FINANCIAL TIMES", EM CARACAS
Opositores venezuelanos pediram ontem que a Suprema Corte
do país anulasse a decisão do
Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) que, segundo eles, inviabilizou a convocação de um referendo para abreviar ou não o
mandato do presidente Hugo
Chávez.
Há uma semana, o CNE decidiu
exigir a confirmação de mais de 1
milhão de um total de 3 milhões
de assinaturas recolhidas pelos
opositores para que fosse convocada a consulta popular.
O número mínimo necessário
de firmas é de 2,4 milhões, 600 mil
a mais do que o total considerado
válido.
Tortura
A iniciativa da oposição ocorre
em meio a acusações de que forças leais a Chávez estão usando
tortura e intimidação na repressão a opositores.
Um dos casos citados é o do violoncelista Carlos Izcaray, da Orquestra Sinfônica da Venezuela.
Com dificuldade para andar, Izcaray está tratando os ferimentos
que ele afirma ter adquirido durante 21 horas de tortura cometida pela Guarda Nacional -predominantemente chavista- no
quartel-general de El Paraíso.
Izcaray, 26, afirma que os guardas o jogaram em uma van. "Colocaram uma revólver na minha
boca, forçando-me a cantar músicas pró-Chávez. Juro que ia morrer. Eles diziam ter a esperança de
que fosse declarado estado de
emergência para que, assim, pudessem me matar", disse o músico, acrescentando que apenas assistia a um protesto da oposição.
Para os opositores, a suposta experiência de Izcaray e de dezenas
de outros é uma indicação da repressão que pode ocorrer a partir
de agora, porque, segundo eles,
Chávez parece pronto para usar a
força no momento em que a oposição acusa o governo de minar a
iniciativa pró-referendo.
"Regime autoritário"
Diplomatas, como Milos Alcalay, que renunciou na semana
passada ao cargo de embaixador
da Venezuela na ONU em protesto contra a política chavista, dizem que o governo cada vez mais
se parece com o tipo de regime
autoritário que não é visto na
América Latina há mais de duas
décadas.
Como Chávez limpou as Forças
Armadas de oficiais contrários a
seu governo, ele estaria mais disposto a utilizar os militares contra
os opositores sem correr o risco
de ser deposto por descontentes
no Exército, segundo analistas.
O presidente venezuelano também tem elevado o tom de seus
ataques contra os EUA e o presidente George W. Bush. Ele chegou a dizer que, se os americanos
levarem adiante um plano de invadir a Venezuela -autoridades
americanas negam a existência
desse projeto-, os EUA enfrentarão "cem anos de guerra".
Com agências internacionais
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