São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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"EIXO DO MAL"

Teerã promete resistir

Irã é o maior desafio dos EUA hoje, diz Rice

DA REDAÇÃO

O Irã é provavelmente o principal desafio dos EUA no Oriente Médio, e um desafio que pode crescer exponencialmente caso insista em desenvolver um programa nuclear, afirmou ontem a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.
"Não enfrentamos nenhum desafio maior de um único país do que do Irã, cujas políticas estão direcionadas a desenvolver um Oriente Médio que seria 180º diferente do Oriente Médio que gostaríamos de ver desenvolvido", disse Rice durante uma audiência no Congresso americano.
"Se você pega isso e multiplica por várias centenas, você pode imaginar o Irã com uma arma nuclear e a ameaça que representariam então para a região", acrescentou. As afirmações da secretária ocorrem um dia depois de o Irã ter advertido que imporá "prejuízo e dor" aos EUA caso o Conselho de Segurança da ONU decida aplicar medidas contra seu programa nuclear.
A declaração foi em reação a ameaças feitas pelo vice-presidente americano, Dick Cheney, e ao fato de o Conselho de Governadores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) ter encaminhado o Irã ao CS, por desconfiança de que possa estar empenhado na produção da bomba atômica.
Ontem, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, voltou a falar que seu país "resistirá a qualquer pressão ou conspiração" estrangeira. "O Irã continuará seu caminho em direção às tecnologias avançadas, incluindo a tecnologia nuclear. Se o governo iraniano recuar na energia nuclear hoje, a história não terminará aqui, e os americanos irão inventar outro pretexto", acrescentou.

Ameaças
Para autoridades britânicas, as ameaças feitas pelo Irã de impor "prejuízo e dor" devem ser levadas a sério.
"Não há nada explícito, mas é uma ameaça velada de uso da violência", disse um diplomata britânico envolvido nas discussões sobre o caso iraniano. "É uma ameaça retórica neste momento, mas, porque o Irã tem um histórico de uso da violência em apoio a seus objetivos de política externa, devemos tomá-la a sério."
Mas a Rússia lembrou o caso iraquiano para alertar sobre a falência da diplomacia nas discussões sobre o programa nuclear iraniano, defendendo que a AIEA deveria ter se empenhado em negociações por mais tempo.
"Não queremos ser nós a ter de lembrar quem estava certo e quem não estava no Iraque, apesar de a resposta ser óbvia", disse o chanceler russo, Serguei Lavrov.
Em nota, a Chancelaria russa instou o Irã, porém, a cooperar com a AIEA, no sentido de "encontrar uma solução que garantiria a implementação do direito legítimo do Irã ao uso pacífico de energia nuclear".


Com agências internacionais

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