São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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MULTIMÍDIA

"Economist" repreende Bush

Revista diz que ele violou na Índia as regras do convívio nuclear

DA REDAÇÃO

A revista britânica "The Economist" traz em sua última edição uma crítica sarcástica e demolidora sobre o acordo nuclear assinado na semana passada, na Índia, pelo presidente americano, George W. Bush.
A edição tem por título "Dr. Strangedeal" (Doutor Estranho Negócio), alusão a um filme de Stanley Kubrick, "Dr. Strangelove" (Doutor Estranho Amor), ou "Doutor Fantástico", na versão exibida pelos cinemas brasileiros. Nele, um general psicótico americano desencadeia o holocausto nuclear ao mandar atacar a URSS por acreditar que os comunistas pretendiam contaminar os "preciosos fluídos corporais" dos americanos.
A cena final do filme de Kubrick, de 1964, mostra um militar com chapéu de caubói euforicamente montado numa ogiva nuclear. Na capa da "Economist", o militar metido a caubói é o próprio presidente dos Estados Unidos.
Em seu principal editorial, a revista, em geral simpática aos governos conservadores, exorta o Congresso americano a vetar o acordo com a Índia.
Seu argumento é o de que Bush tentou mudar as regras da não-proliferação para satisfazer os interesses imediatos de sua política externa. Prometeu combustível e tecnologia a um país que já explodiu uma bomba atômica e se empenha agora, abertamente, na produção de muitos outros artefatos.
Com isso, deu um mau exemplo ao Irã e à Coréia do Norte. Também abriu a possibilidade de a China, hoje desafiada pelo crescimento da economia e dos interesses estratégicos indianos na região, fechar um acordo semelhante com o Paquistão, inimigo mortal da Índia.
Os norte-coreanos e os iranianos assinaram o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, mas desonraram suas assinaturas. A Índia nem sequer o assinou, diz a revista. Se agora se compromete a abrir à inspeção suas instalações civis, manterá fechadas as militares, empenhadas na produção do plutônio, matéria-prima da bomba.


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